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17/08/2007
Carta da semana
O QUE É ESSA TAL LIBERDADE CHAMADA INTERNET?
"Às vezes divago em alguns sites de jornalismo
e de cara percebo que, embora os colunistas tentam redigir
textos sobre assuntos diferenciados, acabam "todos"
abordando um mesmo assunto. Com certeza, não é
mero acaso. Provavelmente, o editor disse para seus colunistas:
"Quero que abordem a morte da bezerra em seus artigos".
De pronto, o colunista atende, mesmo se o tema dele for política,
literatura ou cinema, ele acabará mencionando "a
morte da bezerra" e, isso fará com que suas idéias
fujam do contexto do artigo, pois ele não estará
livre para redigir, saberá que terá de inserir
e fazer um rodeio sobre a bendita morte da bezerra.
Não gosto da idéia de
tratar colunistas como máquinas de redigir, o que acontece
em muitos jornais, sites e revistas de nosso país,
a manipulação de idéias, geralmente surgem
de uma única pessoa que comanda o seu exército
de articulistas. Muitos blogueiros, são renomados jornalistas,
outros, mesmo sem um diploma, são excelentes formadores
de opiniões e, muitos, tiveram seus textos negados
por grandes sites, jornais ou revistas, talvez por escancararem
suas idéias para o mundo e por não citarem a
morte da bezerra em seus artigos.
Para mim, um dos maiores articulistas
da atualidade é o dramaturgo Gerald Thomas, e não
é brasileiro, talvez por isso exista tanta liberdade
e pluralidade em seus excelentes artigos - claro que existem
ótimos e conhecidos formadores de opiniões "brasileiros",
como: Arnaldo Jabor, Carlos Brickmann, Gilberto Dimenstein,
José Simão (Macaco Simão), Leila Cordeiro
etc. e muitos, ainda desconhecidos da massa brasileira -,
talvez pela liberdade na informação, o Gerald
seja polêmico e tão criticado. Infelizmente,
ainda existem àqueles que pensam que suas idéias
são as que devem prevalecer, como alguns autores de
auto-ajuda, donos da verdade, ou mesmo, membros de algumas
religiões, que acreditam que a sua religião,
é a verdadeira e única e as outras de meros
adoradores do diabo, intitulados como “pagãos”.
Oras, nem sequer sabem que “pagão” vem
do latim “paganus”, ou seja, aquele que reside
no pagus, no campo. Devemos respeitar essa pluralidade, pois
os seres pensantes são diferentes uns dos outros, englobando
anáforas: “estudou em uma escola diferente, teve
professores diferentes, conviveu com pessoas diferentes, nasceram
em regiões diferentes, são de classes sociais
diferentes etc.”
Não sei, mas sempre fico matutando
quando relembro da frase do iluminado Shidarta Gautama, o
Buda: “Afinal, o que é a verdade?”. Em
outras palavras, a verdade não deve ser única,
tudo depende do contexto e da época e, infelizmente,
quem prega a verdade nos últimos tempos, não
é Deus, são os políticos.
Relendo meu artigo, é notório
que o Brasil não está tão ruim assim,
se comparado com as terras de Hugo Chávez e com os
países asiáticos de legiões de workaholics,
onde o direito é apenas trabalhar e não ter
liberdade na informação. Acreditam que na China
os sites, blogs, salas de bate papo e até os murais
online são diariamente monitorados? Muitos foram fechados,
principalmente os que abordavam comentários considerados
ofensivos para a política deles, ou seja, "Liberdade
na informação", nem pensar..., aliás,
"liberdade" é uma palavra censurada.
Vocês se lembram quando “alguém”
teve a péssima idéia de que todos os usuários
brasileiros deveriam inserir seus dados para acessar a internet?
O nome, endereço, RG, etc., deveriam ser inseridos
para o usuário entrar na grande rede. Talvez tenha
sido uma tentativa de bloquearem os formadores de opiniões,
mas graças a Deus, essa idéia foi para o brejo.
A internet é totalmente diferente
do dinossauro chamado “mídia impressa”
e, não gosto da idéia de redigir um texto pensando
na quantidade de caracteres. Para os impressos tudo bem, o
tamanho do artigo deve ser adequado e os caracteres contados,
mas para a internet não, afinal, qual a diferença
de cinco mil caracteres digitados para cinco mil e duzentos?
Se existir uma quantidade máxima de caracteres para
a internet, não existira liberdade no artigo redigido,
pois se o tema e o artigo forem bons, quanto mais caracteres
digitados, melhor.
Só sei que nada sei, afinal,
o que é a verdade?"
Ademir Pascale – ademir@cranik.com
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