Ao tentar defender a imagem do governo
contra as acusações de corrupção,
o presidente Lula mandou fechar os bingos- o que, por sua
vez, trouxe lhe o incômodo de ser apontado como responsável
por centenas de milhares de demissões. Isso para um
presidente que se elegeu prometendo empregos não é
exatamente agradável.
O presidente está pagando o
preço da precipitação, provocada pela
necessidade de gerar um fato político de impacto. Ainda
não consegui me convencer, diante dos impactos sociais,
que o fechamento dos bingos é a alternativa mais sensata.
Nem acredito que o fechamento vá salvar do vício
dos jogadores compulsivos que, de um jeito ou de outro, arrumará
um lugar clandestino para dar vazão à sua doença.
Óbvio que me impressionam os
relatos sobre os perigos do jogo e as falcatruas fiscais;
estou mesmo convencido de que prosperam, nessa área,
empresários corruptores. Nunca pisei num bingo, não
pretendo pisar, por não gostar do jogo. Sinto uma satisfação
íntima em ver essas casas fechadas. Mas não
seria melhor, sabendo dessas falcatruas, aumentar a fiscalização,
investigar os donos dos bingos?
O poder público promove loterias
( um jeito de tirar dinheiro de iludidos), tolera o jogo do
bicho e fecha os bingos. Não faz sentido. O mínimo
que se deveria fazer é dar um tempo até que
os empregados pudessem se preparar.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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