Escrevi na Folha artigo dizendo
ser estranho que a morte de animais no zoológico de
São Paulo tenha tido mais repercussão do que
a denúncia de que prefeitos fazem crianças passarem
fome porque desviam recursos da merenda escolar. Essa passividade
deriva do fato de que já nos acostumamos a ver desvios
na área social.
Na segunda-feira, vi minha tese se
confirmar. Recebi dezenas de e-mails (podem ser lidos no meu
site, que é www.dimenstein.com.br) colocando-me como
inimigo dos animais, um sujeito insensível. Isso porque
eu disse que crianças também mereciam atenção.
Acharam que a relação era despropositada e revelava
uma perversa distorção de valores.
Quase ninguém apoiou o óbvio:
a de que uma sociedade que presta mais atenção
em animais do que em crianças deve ter algo de errado.
Devemos estar mesmo muito doentes. Claro que nosso equilíbrio
depende da convivência harmônica entre o homem
e a natureza. Mas também da relação harmônica
entre os homens - e isso não temos.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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