Já que o presidente Lula viaja ao Exterior com
o ímpeto de reformar o mundo, propondo nada menos o
fim da fome planetária, bem que ele poderia resolver
um "probleminha" local - bem mais fácil do
que a fome mundial.
Estudo da ONU informa que haveria,
no Brasil, pelo menos vinte mil crianças e adolescentes,
de 10 a 16 anos, trabalhando como entregadores de drogas.
Recebem, pela tarefa, de R$ 900 a R$ 1,5 mil mensais. Como
alguém sem nenhuma escolaridade e perspectiva conseguiria
resistir a essas ofertas?
Nem é, aliás, apenas
pelo dinheiro que essas crianças aceitar fazer parte
das gangues; é também uma questão de
status comunitário, de ser percebido como alguém
de valor.
Apesar de toda a violência,
causada em larga medida pela delinqüência juvenil,
ainda não se viu nenhum plano com um mínimo
de consistência para enfrentar as áreas deflagradas
pelas drogas. Aqui e ali, existem programas capazes de arranhar
a sedução do tráfico nas favelas e periferias.
Enquanto não ser ofertas algo
mais para os jovens, o dinheiro oferecido pelos traficantes
sempre vai falar mais alto.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, na editoria Pensata.
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