|
O presidente Lula e seus principais assessores se esforçam
para isolar o caso Waldomiro Diniz, tentando impedir que o
escândalo afete o coração do Palácio
do Planalto - mais especificamente, José Dirceu, uma
espécie de primeiro-ministro. Não será
fácil, porém, Dirceu escapar ileso.
Não existe aqui uma única
prova que o atinja . Não se pode acusá-lo (pelo
menos até aqui) de ter participado de alguma delinqüência,
nem de ser conivente. O problema é que, vivendo por
tanto tempo tão próximo de Waldomiro (aliás,
dividindo apartamento), José Dirceu torna-se vulnerável
às suspeitas. Pode ser injusto, mas é assim
que funciona. O PT, na sua fúria acusatória
dos tempos de oposição, sempre jogou, sem constrangimento,
esse jogo, transformando meros indícios em provas.
Há uma agravante. Ainda pairam
no ar as acusações formalizadas de que Dirceu
teria participação na arrecadação
de recursos eleitorais em São Paulo. Somam-se, então,
bicho e Santo André, num contexto verosimilhante: partidos
arrecadando recursos para as eleições são
tão clandestinos como as ações de esquerda
quando José Dirceu fugia dos militares.
O problema de Dirceu não são
as suspeitas apenas. Mas o próprio estilo do PT, que
se comprometeu com a ética acima de qualquer coisa.
O futuro do ministro vai depender da avaliação
sobre se sua permanência vale o custo de manter as suspeitas
no coração do Palácio do Planalto. Talvez
nada se prove contra ele, mas dificilmente se conseguirão
dissipar, justa ou injustamente, a sensação
de que, na melhor das hipóteses, o ministro sabia de
algo e ficou calado.
|