Quem olha para as denúncias
de corrupção, agravadas com a revelação
do "mensalão" de 30 mil reais supostamente
pagos mensalmente pelo PT para manter a fidelidade dos políticos,
fica com a sensação de que o Brasil não
tem futuro, nada funciona e quase ninguém presta.
Para contrabalançar, recomendo olhar para o Jardim
Ângela, distrito da zona sul de São Paulo, apontado
pela ONU como a região mais violenta do planeta.
Desde que assumiu o primeiro lugar na lista sinistra, o Jardim
Ângela, com seus 300 mil habitantes, mobilizou-se, numa
parceria do setor público com a sociedade. Criou-se
um sistema de policiamento comunitário, melhorou-se
a educação de crianças e jovens, combateu-se
o consumo de álcool.
Foi um esforço diário, envolvendo de evangélicos
a umbandistas, passando pelos diretores de escolas e Ongs.
O resultado: o número de assassinatos, desde 1999,
não pára mais de cair. No mês passado,
por exemplo, não ocorreu ali uma única vítima
do homicídio, o que, para os padrões locais,
é quase um milagre.
Ou seja, apesar dos "mensalões", há
um Brasil que resiste e progride longe de Brasília.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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