Talvez por saber, pelas pesquisas
de opinião, que o tema "pega bem" e, talvez,
por desconhecer pedagogia, o presidente Lula resolveu investir
contra o sistema de ciclos na escolas - por esses sistema,
evita-se ao máximo fazer o aluno repetir o ano.
No senso comum, essa "liberalidade" estimula que
o aluno vire um vagabundo, não estude, já que,
de qualquer jeito, não vai repetir. Lula não
refletiu sobre o seguinte: a repetência pune a vítima
do sistema escolar ruim. Repetir é uma desmoralização
que abate o indivíduo e, na maioria das vezes, condena-o
à marginalidade.
Se o presidente se preocupar em consultar alguns especialistas
- o que seria bom antes de emitir opinião sobre tema
técnico tão complexo- ele saberia, por exemplo,
que o sistema de ciclos, se bem executado, exige uma avaliação
rigorosa.
Ou seja, o aluno tem de ser acompanhado de perto e, constatada
a fragilidade, acionado um esquema de reforço. Se essa
avaliação não está funcionando
(e em muitos lugares não está) a culpa não
é do aluno, uma vítima da incompetência
escolar.
Se repetir o ano funcionasse, o Brasil teria atingido excelência
estudantil.
É algo condenar um miserável pela sua miséria.
Esta coluna é publicada originalmente
na Folha Online, na editoria Pensata.
|