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Muito antes de viajar para Buenos
Aires e ser acusada de gastar dinheiro público numa
atividade supostamente privada, a ministra da Promoção
Social, Benedita da Silva, estava em desgraça no governo.
Assessores palacianos passaram a acreditar no que já
se advertia sobre ela: falta-lhe talento administrativo.
Veio a tal viagem a Buenos Aires,
onde a ministra ficou instalada num hotel de luxo, para supostamente
uma atividade privada – o que deixou a já vulnerável
ministra ainda mais vulnerável, que passou a sangrar
num rio de piranhas.
Se Lula não está satisfeito
com a ministra (e não está), deveria tirá-la
logo, melhor do que deixá-la ser submetida a esse massacre
diário. Não há dia alguém do PT,
ligado ao presidente, não a critique publicamente a
tal viagem, apontando-a como perdulária. Benedita passou
a ser símbolo do desperdício, do desrespeito
com a coisa pública, o que, vamos reconhecer, é
um exagero. Pior, reforça involuntariamente a visão
preconceituosa sobre os negros.
Ela errou, claro, deveria ter logo
devolvido o dinheiro. Mas esse massacre, desproporcional ao
erro cometido, é uma perversidade para quem tem uma
história de lutas comunitárias.
Coluna originalmente publicada
na Folha Online, na editoria Pensata.
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