A Folha mostrou, em sua edição
de domingo, quanto vale cada ano de estudo, detalhando
o que todos sabemos: ganha mais quem fica mais tempo na escola.
Alguém com mestrado ou doutorado ganha mais do que o dobro
se comparado aos que têm apenas diploma de ensino superior.
E ganha onze vezes mais de que aqueles com primário incompleto.
Essa guerra tende ir para cima.
A reportagem mostra como os trabalhadores com ensino médio
estão perdendo mais renda. A explicação é óbvia: há cada vez
mais gente nesse nível de escolaridade e o mercado passa a
exigir o diploma de ensino superior. Daqui a pouco, a briga
vai ser ainda maior, pelos mesmos motivos, para quem fez faculdade.
Está aqui o ensaio de novos focos de tensão na sociedade
--gente mais escolarizada com dificuldade de colocação no
mercado de trabalho e obrigada a aceitar cargos inferior ao
seu preparo. Se acham que entidades como MST dão trabalho,
esperem só para ver a reação de gente frustrada e com alta
escolaridade. Mais ainda, centenas de milhares de jovens nem
sequer conseguem ir para o ensino médio ou, pior, não concluíram
o fundamental. Tornam-se, assim, candidatos a marginais.
Esse é um novo aspecto da vida política que ainda não entrou
na cabeça dos políticos.
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