O problema
da vaia no Maracanã foi a falta de foco. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva não merecia recebê-la
sozinho.
O que merece mesmo uma vaia (ainda muito maior do que a que
deixou o presidente constrangido) é o desrespeito com
o dinheiro público, esporte no qual somos campeões.
Previa-se, inicialmente, gastar R$ 409 milhões nos
Jogos Pan-Americanos, que seriam bancados, diziam, em boa
parte pela iniciativa privada. A conta saiu no final por R$
3,7 bilhões. É daquelas situações
que mostram como fazem dos contribuintes um bando de tontos.
Simbolicamente, qualquer esfera de governo -- federal, estadual
e municipal -- envolvida nessa conta merecia a vaia, por estar,
digamos, trapaceando ou, no mínimo, jogando pessimamente
mal. Como o presidente participou dessa jogada, uma vez que
o dinheiro saiu dos cofres federais, ele mereceu mesmo ter
levado uma vaia. Só que seria preciso, na mesma medida,
constranger os representantes dos governos estadual e municipal.
Deveriam ter aplicado uma vaia coletiva. Se a Copa do Mundo
for aqui em 2014, só fico imaginando quanto será
o seu custo.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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