Raras vezes
em nossa história vimos um acidente aéreo tão
espetacularmente trágico como o choque do avião
contra o prédio ocorrido ontem em Congonhas. De certa
forma, porém, esse tipo de acontecimento já
é parte da rotina brasileira. Somos vítimas
diárias dos mais diferentes tipos de descuido e de
irresponsabilidade, que conduzem a pequenas, médias
e grandes tragédias devido, basicamente, à nossa
baixa cidadania – e isso se traduz em irresponsabilidade.
Morrem milhares de pessoas nas estradas simplesmente porque
a sinalização não é boa, as pistas
não estão bem conservadas ou não se fiscaliza
quem dirige com alto teor alcoólico no sangue. Vemos,
neste momento, a dificuldade que é limitar a propaganda
de cerveja. Vivemos uma clima de guerra civil nas cidades
porque não se prestou a atenção na educação,
na inclusão de jovens e no aperfeiçoamento da
segurança. Morrem milhares de crianças por falta
de condições básicas de saúde,
fáceis de serem atendidas. Estamos vendo a volta de
doenças como a tuberculose. A cada dia, só na
cidade de São Paulo, morre um motobói, vítima
não só de si próprio mas também
da selvageria da falta de controle.
Se nos perguntarmos por que somos um país potencialmente
tão rico, mas, na realidade, tão pobre, veremos
que sofremos tragédias evitáveis apenas porque
deixamos para depois o conserto de uma pista.
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