Depois do seqüestro de 40 dias
de uma criança de dois anos de idade, só existe,
de fato, uma questão: chegamos, afinal, no fundo do
poço? Ou será que esse poço não
tem fundo?
A sensação é que, dia após dia,
conhecemos novos limites da delinqüência, extirpando
algo que até pouco tempo havia mesmo entre os mais
terríveis: um mínimo de, digamos, "ética".
Casos como esses que compõem o cenário de nossa
debilidade social tornam-se ainda mais graves diante da falta
de um programa sólido contra a violência. Somos
reféns dos bandidos e também das estruturas
de poder, que não conseguem estabelecer planos sólidos,
integrando as mais diversas esferas de poder, do presidente,
governador, prefeito até o líder comunitário,
para punir e prevenir a delinqüência. É
uma rede que se constrói no dia a dia e exige um sentido
de emergência.
Nesse ritmo, já estarão, em breve, seqüestrando
bebês na maternidade.
Coluna originalmente publicada na Folha
Online , na editoria Pensata. |