"Qualidade
de vida é, em primeiro lugar, emprego. E, sem boa escola,
não existe bom emprego"
O que dá voto é obra, certo? Você deve
estar imaginando que a resposta é óbvia. As
campanhas eleitorais valorizam o político que faz -e
o que se faz é, em geral, com cimento.
Numa investigação apoiada pelo Ibope, um documento
montado a partir de 36 mil questionários, divulgado
na quinta passada, levanta a possibilidade de que talvez a
resposta, pelo menos na cidade de São Paulo, não
seja tão óbvia assim. Quem sabe, estamos diante
de uma mudança e tanto de mentalidade.
A questão mais importante para a qualidade de vida
da cidade, muito mais do que as obras bilionárias anunciadas
na publicidade oficial, seria investir no cérebro.
Valem mais os neurônios do que o cimento. A tão
falada mobilidade, em que aparecem as obras mais visíveis,
está longe do primeiro lugar.
Para montar um mapa de indicadores de qualidade de vida da
cidade, o Movimento Nossa São Paulo, assessorado pelo
Ibope, constatou que o ensino deveria ser a prioridade número
zero. Isso significaria, antes de mais nada, a "existência
de profissionais qualificados em todas as escolas". Nas
respostas a diferentes temas -juventude, desigualdade social,
segurança, cultura, criança, assistência
social-, entre as várias mensagens, a principal delas
é a seguinte: qualidade de vida é, em primeiro
lugar, emprego. E, sem boa escola, não existe bom emprego,
o que se traduziria em bom professor. O prédio não
é, portanto, o que mais importa.
O resultado da pesquisa é coerente com uma série
de sinais que se avolumam nos últimos tempos em São
Paulo, o que antecipa e reflete as regiões metropolitanas
brasileiras.
Trecho da coluna Folha de
S. Paulo, editoria Cotidiano.
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