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Ainda é cedo para avaliar
o mandato de Lula. Os primeiros doze meses de mandato, enquadrados
no tradicional balanço do ano, fazem parte mais da
necessidade ritualística da imprensa do que em peça
de julgamento histórico.
Há, porém, um fato inquestionável.
Lula, com seu pragmatismo, está dando uma aula política
ao país. O que muitos preferem chamar de incoerência
(e é, de fato, incoerência), eu prefiro chamar
de pedagogia do cotidiano. O eleitor vai percebendo que, por
trás daqueles promessas, algumas até sinceras,
existia, à espreita, à dura realidade e que
a mudança não depende apenas da vontade de um
indivíduo, nem de um partido, mas de toda uma comunidade.
É desagradável, não tem o charme mágico
dos palanques, mas é assim que se vai aprendendo a
lidar, mais serenamente, com a democracia, desconfiança
das baboseiras eleitorais.
As pessoas, segundo as pesquisas,
estão dispostas a acreditar que Lula quer mudar, quer
mais empregos e melhores salários. E, maduramente,
vão aprendendo que mudança depende de um esforço
coletivo e não de um homem. Muito menos do marketing.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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