Charles Pereira
Gonçalves é um dos exemplos brasileiros mais
definitivos de desperdício de talento - viciado em
crack e infestado pela tuberculose, é um reconhecido
gênio musical que mora na rua.
Quando era menino e tocava flauta nas ruas do centro de São
Paulo, Charles chamou a atenção de músicos.
Impressionou tanto e tanta gente que, em pouco tempo, foi
convidado para estudar na Alemanha, onde seria aluno, com
todas as despesas pagas, do primeiro flautista da Orquestra
Filarmônica de Berlim. "Com estudo, ele vai ser
um dos maiores flautistas do mundo", dizia o maestro
Júlio Medaglia, que abriu para Charles o caminho até
a Alemanha. Altamiro Carrilho disse, perplexo, que alguém
tocar tão bem sem nenhum estudo, só teria uma
explicação: " Reencarnação"
Mas Charles caiu na droga, não conseguiu viajar e
hoje vive debaixo do Minhocão, no meio do barulho incessante
e da poluição que só agrava sua tuberculose.
Por trás desse desperdício, existem a pobreza,
a desestrutura familiar, a falta de educação
e a limitada rede assistencial. Apenas nas regiões
metropolitanas são sete milhões de jovens que
não estudam nem trabalham. Sem contar os que estudam
em escolas ruins, incapazes de desenvolver talentos. Por isso,
ampliar a bolsa em dinheiro para jovens (o que eu concordo
para reduzir a evasão) sem melhorar a escola, tornando-a
uma porta de saída, beira o desperdício. Vemos
como é difícil, depois de certo momento, recuperar
um indivíduo e integrá-lo à sociedade.
Se o país imaginasse quanto talento é desperdiçado,
ouviria melhor a poluição sonora da falta de
perspectiva --assim como pode ouvir a genialidade perdida
de Charles.
Coloquei no link abaixo uma pequena amostra do talento desse
flautista:
Confira
o talento de Charles da Flauta
Link relacionado:
Uma
vida tocada na flauta
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