A política estadual de investimento
no policiamento comunitário serviu como um impulso
para o surgimento de novos conselhos de segurança nos
bairros das grandes cidades do Paraná. Somente nos
seis meses primeiros meses de 2004, houve um crescimento de
quase 50% no número desse tipo de entidade no estado.
Hoje, são 170 que existiam no fim de 2003. Além
de mais numerosas, as associações ficaram mais
ativas, embora ainda esbarrem na falta de recursos e no risco
de uso político.
“Parte dos conselhos que foram criados nos anos 80
e 90 estavam desativadas. Muitas vezes eram criados em períodos
de eleições por algum candidato e depois ficavam
esvaziados”, lembra o coordenador estadual dos conselhos
da Secretaria de Estado da Segurança (Sesp), Benjamim
Zanlorenzi. A nova onda de adesões à idéia
é explicada pelo projeto de Policiamento Ostensivo
Volante (Povo), um modelo de ronda comunitária em que
o bairro precisa ter um conselho para receber o serviço.
O Povo foi lançado em algumas áreas de Curitiba
e Londrina e será estendido a outras grandes cidades
do estado.
Exemplo
O objetivo da secretaria é consolidar uma rede de conselhos
conectados ao policiamento. Por isso, policiais civis e militares
participam das reuniões dos membros da comunidade.
O projeto foi baseado em experiências de outros países.
“Os conselhos surgiram em Los Angeles, nos Estados Unidos,
na década de 60, e se transformaram em células
comunitárias para fiscalizar a polícia”,
conta Zanlorenzi. No Paraná, a primeira experiência
do gênero foi em 1982, em Londrina. “Mas foi no
ano seguinte, em Maringá, que se montou um modelo mais
duradouro”, diz.
A principal dificuldade para a estruturação
dos conselhos é a mobilização dos moradores
de um bairro. Além disso, eles não recebem recursos
para materiais, aluguel de salas ou outros custos das reuniões.
“Temos dificuldade de comunicação com
os vizinhos porque não temos dinheiro para fazer uma
panfletagem ou chamar as pessoas pelo rádio”,
diz o presidente do conselho do bairro Hauer, em Curitiba,
Bento da Costa. Mesmo assim, aparecem em média 80 moradores
em cada encontro. Uma “vaquinha” entre diretores
da associação garante os R$100 para pagar o
aluguel de um lugar pra a reunião mensal.
Apoio
O recém-criado conselho do bairro Uberaba, também
em Curitiba, teve de superar a frustração de
três iniciativas pré-eleitorais que fracassaram
na região durante os anos 90. “Todos os possíveis
candidatos ficaram de fora da direção para evitar
que o conselho se esvazie depois de outubro”, conta
o presidente da organização não-governamental,
Jaime Piloni. No Uberaba, o ponto de partida para a nova empreitada
foi associação comercial do bairro. “Pensamos
em fazer um departamento para discutir segurança, mas
daí vimos que seria melhor levar o assunto para fora”,
comenta Piloni.
Na opinião da socióloga Mônica Nascimento,
assistente da coordenação de segurança
da ONG Viva Rio, o apoio estatal para a criação
de conselhos é importante para que eles ganhem representatividade.
“Fizemos um projeto parecido em parceria com a prefeitura
de Resende (RJ). Esses fóruns precisam ter metas claras,
como identificar problemas, participar do planejamento de
ações contra violências e fazer campanhas
educativas”, afirma ela. A ligação com
o Estado também faz com que os conselhos tenham um
contato mais claro e direto com as autoridades que têm
dever de combater a violência. “E isso não
se restringe a dizer o que incomoda. Inclui participar de
programas públicos dirigidos aos bairros”, completa.
As informações são da Gazeta do Povo,
de Curitiba-PR.
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