Rodrigo
Zavala
Especial para o GD
Quando se entra no "Campão" da EMEI Professora
Zilda de Fraceschi, não há como não ficar
impressionado. Encravado no coração do bairro
Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, o pátio
escolar ocupa uma área que supera os 1500 metros quadrados.
Uma imensidão para as 280 crianças que convivem
diariamente no espaço, entre árvores e brinquedos.
No entanto, isso não parece ser suficiente para a
direção da escola, que espera mais do seu pátio.
"O Campão ainda está muito árido.
Queremos deixá-lo mais interativo para as crianças",
afirma Marisete Nardone, coordenadora da EMEI.
A solução encontrada foi integrar a comunidade,
incluindo assim, as famílias das crianças para
que juntos possam encontrar novos usos para o espaço.
Além da revitalização estética
e verde, existe uma vontade entre os partícipes de
criar algo como um clube, um parque, ou mesmo um centro de
eventos para a população.
Para isso, a EMEI conta com a participação
de um grupo multidisciplinar ligado a Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da USP, o Lab Parc, Laboratório de Paisagismo
Arte e Cultura, que acompanha as reuniões dos grupos
de moradores que se encontram ao sábados entre as árvores
do Campão para decidir seu futuro. "É um
espaço aberto para a comunidade. Não queremos
uma simples reforma da prefeitura, mas um programa participativo
e efetivo", lembra Marisete.
E a crença que a convivência das crianças
com a comunidade pode turbinar o aprendizado e aproximar a
vizinhança se mostra no outro lado da cidade. Quem
mora ao lado da Escola Municipal de Ensino Infantil Elis Regina,
em São Mateus, zona leste de São Paulo, pode
ver tudo o que acontece na instituição. Em vez
de muros, a escola conta com grades baixas para que todos
vejam o que acontece em seu interior.
"A idéia surgiu quando fomos reformar os muros.
Durante a reunião do conselho escolar, formado pelo
corpo docente, discente e comunidade, preferimos usar elementos
vazados para aproximar a escola dos moradores da região",
lembra a diretora Márcia Magdaleno.
Desta forma, em vez de muros altos, a instituição
conta com grades coloridas e quem passar pela rua poderá
acompanhar todas as atividades lúdicas feitas com as
quase 600 crianças matriculadas. "Segue um conceito
de que as pessoas podem olhar para e pela escola."
E a participação da comunidade é maciça.
Não apenas a escola abre aos fins de semana para atividades
culturais para todas as faixas etárias, destaque-se
teatro e oficinas de arte (este mês será Candido
Portinari), como a condução participativa da
instituição foi aberta durante as férias
para a recreação das crianças do bairro,
sem alternativa de lazer.
A retirada dos muros, claro que não todos, sofreu
alguma resistência no início. "Alguns pais
achavam que a escola estaria desprotegida e que, como fica
próximo da Av. Sapopemba, seria alvo de vandalismo.
Mas a prática provou o contrário. O zelo da
comunidade transformou a escola. Nem parece uma escola da
região."
Outro trabalho feito em parceria é o dos Conselheiros
escolares. São oito pessoas capacitadas para trabalhar
com os alunos, principalmente se sofrem com problemas de drogadição
de seus pais. "É feito todo um acompanhamento
dessas crianças, levando em consideração
o contexto familiar. Além disso, esses profissionais
dão suporte aos educadores sobre como podem lidar com
a situação".
"Sempre pensamos nas demandas da comunidade. Afinal,
aqui eles estão excluídos de muitas coisas",
conclui Márcia.
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