A Unicid recebe até segunda-feira
inscrições para a segunda edição
do Projeto de Alfabetização Inclusiva (PAI),
destinado a jovens com mais de 14 anos e adultos analfabetos
ou com pouca escolaridade. O projeto foi lançado oficialmente
em julho do ano passado, pelo governo do Estado, com o objetivo
de diminuir os índices de analfabetismo, oferecendo
aulas gratuitas.
Letícia Maria Barbosa, de 45 anos, gostou da proposta
e resolveu voltar a estudar, porque tinha dificuldade para
escrever e não sabia matemática. "Sempre
preciso da ajuda das minhas amigas para fazer a requisição
dos materiais para o setor onde trabalho."
No primeiro dia de aula na Unicid, ela estava nervosa e pensou
que não iria acostumar-se com as professoras e os colegas.
"Aprendi a montar contas e a escrever melhor e agora
posso escrever para minha família. Tenho muito que
agradecer por essa oportunidade."
Esse tipo de relato emociona Vanessa Chinelato. Desde o ano
passado, quando começou o projeto de alfabetização
na universidade, ela tinha vontade de enfrentar o desafio.
"No começo deste ano, seriam escolhidas novas
professoras, alunas do curso de Pedagogia que estivessem cursando
o último ano, para dar continuidade ao programa. Então
me candidatei para participar."
Com muita alegria, ela assumiu as aulas em maio. "Aqui,
formamos uma família. É uma troca constante
de experiências, aprendizado e respeito." Certo
dia, um aluno a surpreendeu. "Sei que tenho idade para
ser seu avô, mas vou lhe chamar de senhora porque você
é minha professora e devo respeitá-la".
Para Vanessa, a experiência atual foi a mais gratificante
que teve na vida. "Tenho certeza de que mais aprendi
do que ensinei."
Método
O programa ainda ultrapassa as lições básicas
da simples alfabetização em língua portuguesa.
Professores dos diferentes cursos da universidade participam
do processo, por meio de ações ligadas a aspectos
importantes da formação humanística.
Há princípios de arte, filosofia, história
e ciências.
Para alcançar todas as metas, os alunos freqüentam
oficinas de artes, onde têm contato com obras de artistas
plásticos famosos, assistem a filmes nacionais de conteúdo
social, como Central do Brasil, realizam trabalhos na biblioteca
e nas salas de estudo da faculdade, além de aulas-passeio
pelo campus. "Queremos que a leitura e a escrita sejam
usadas para o exercício da cidadania", resume
a coordenadora do projeto, a professora Isilda Lozano Perez.
A inclusão digital é outro diferencial da proposta
pedagógica. Os alunos têm acesso aos laboratórios
de informática e a softwareteca (biblioteca virtual).
As aulas ocorrem às segundas e sextas-feiras, das 14
horas às 16h30.
CRISTINA RIBEIRO
do O Estado de S. Paulo
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