Veridiana Novaes
São Paulo vai ganhar, a partir
do dia 21, sete mil cartazes artísticos, que serão
colocados pelas ruas para mudar o visual da cidade. A segunda
edição do projeto Lambe-Lambe é uma iniciativa
de artistas dos ateliês Piratininga e Espaço
Coringa. A intervenção começará
com uma exposição dos cartazes nos muros dos
ateliês. Também serão expostos desenhos,
gravuras e fotografias, que registram o processo de criação
dos cartazes pelo grupo.
Segundo Ernesto Bonato, um dos coordenadores
do projeto, a idéia surgiu da necessidade de inserir
a arte no contexto público. “É um movimento
contrário ao da publicidade, que busca lhe prometer
algo, que é barulhenta. Queremos resgatar o olhar para
si próprio, o silêncio. São imagens anônimas
que visam sensibilizar o público.”
A técnica usada para a produção
dos cartazes foi a xilogravura, gravura em madeira considerada
meio tradicional e popular de produção gráfica.
“O interessante é que a pessoa tem a chance de
entrar em contato com a marca direta da mão do artista,
a xilo é materialmente diferente.”
A primeira edição do
projeto foi de março a outubro de 2003 com cinco mil
cartazes colados pela cidade e adesão de 18 artistas.
“A aceitação do Lambe- Lambe não
podia ter sido melhor. A prova disso é que agora são
36 artistas participantes , nacionais e internacionais, e
simultaneamente a intervenção ocorre em outras
cidades como São José dos Campos e Paris”,
comenta Fabrício Lopez, também coordenador do
projeto.
Duas frentes de trabalho foram formadas
para pendurar as obras de arte, uma na zona norte e oeste
e outra na zona leste e sul. “Pretendemos chegar em
lugares onde a arte geralmente não chega, como a periferia”,
afirma Bonato.
Outro foco da iniciativa é
despertar outra perspectiva de olhar do indivíduo para
locais abandonados, para um viaduto cinzento, para um muro
descuidado e ver potenciais de algo com possibilidade de reciclagem
e transformação.
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