MORRO DE SÃO PAULO (DA SUCURSAL
RECÔNCAVO) – Moradores e turistas da localidade
de Morro de São Paulo, na região conhecida como
Costa do Dendê, baixo sul da Bahia, contam há
dois meses com o trabalho voluntário de estudantes
de turismo, que estão atuando na comunidade com vistas
à reduzir o impacto do lixo urbano. A proposta é
conscientizar a população dos horários
corretos para depositar o lixo, evitando que fique acumulado
de um dia para outro, assegurou a secretária de Turismo
de Cairu, Manuela Scaldaferri.
O programa de Educação para o Turismo, coordenado
por estudantes da Faculdade de Turismo da Bahia (Factur),
orienta moradores a depositarem o lixo doméstico nos
horários de coleta, evitando que se acumule pela vila
e praias, isso resulta um efeito direto na qualidade de vida
da população local e dos visitantes que chegam
à localidade.
O primeiro passo foi a distribuição de um folheto
com os horários da coleta de lixo na Vila e praias,
obedecendo os horários das marés, pela necessidade
de os tratores utilizarem as praias como rota das coletas.
O trabalho também conscientiza a população
para limpar as praias e a vila, e para a importância
da reciclagem do lixo”, salientou Mary Márcia
França Magalhães, aluna do 8º semestre
do curso, participante do trabalho voluntário.
A coleta de lixo em Morro de São Paulo, na alta estação,
quando recebe cerca de 45 mil visitantes chega a 8 t por dia.
Na baixa temporada o volume de lixo recolhido diariamente
pela prefeitura é de 2 mil toneladas, segundo informa
Manuela Scaldaferri. Para coletar o lixo na Vila a Prefeitura
de Cairu disponibiliza dois tratores, que dependem da tábua
de maré para atravessar as praias. No verão,
o número de tratores chega a seis”, informa.
A Factur também está realizando cursos abertos
à comunidade, envolvendo educação ambiental
e patrimonial, qualidade no atendimento e associativismo.
350 pessoas já participaram dos cursos. Mas a conscientização
em manter praias e a Vila limpas ainda não atingiu
a todos.
Mudanças
De acordo com o coordenador do programa, professor Ernesto
Brito, o trabalho será realizado até o final
de outubro, mas a população e empresários
já comemoram as mudanças verificadas na limpeza
do Morro. “A comunidade hoje está mais participativa
e as pessoas já estão até controlando
os vizinhos, que depositam sacolas de lixo fora do horário”,
disse Britto.
Barraqueiros concordam que as pessoas hoje, na Vila e nas
praias, não acumulam mais lixo, mas ainda se vê
muita sujeira, principalmente na Primeira Praia. “Isso
porque as embarcações descarregam mercadorias
na praia deixam entulhos de construção e outros
dejetos pela areia. A secretária de Turismo explicou
que a prefeitura está estudando alternativas para mais
esse problema em Morro.
Segundo ela, a ponte de atracação é
estreita, o que obriga a descarga de mercadorias na praia.
“Estamos estudando um meio de os produtos chegarem à
ilha sem que sejam descarregados na praia. Não podemos
proibir sem dar uma alternativa. Está no Plano Diretor
Urbano (PDU), que será enviado em outubro para aprovação
pela Câmara”, garantiu.
Seletiva
Como estratégia para redução do volume
de lixo urbano que vai para as ruas, o programa também
implantou a coleta seletiva em pousadas e restaurantes. O
material reciclável está sendo prensado em Morro
de São Paulo, de forma manual, pelo catador Reinaldo
Guedes dos Santos, 21 anos, que comercializa o material em
Valença. Há três anos ele cata material
reciclável e há dois meses passou a trabalhar
no Morro, agregando ao trabalho dele a preocupação
com o lixo que também é uma questão de
saúde. “Fazendo dinheiro para sobreviver e cuidando
do meio ambiente”, destacou.
Em apenas dois dias, Reinaldo cata 2,5 toneladas de lixo
reciclável, que recolhe em mercadinhos, pousadas e
restaurantes. Usando uma prensa manual, todo material coletado,
como papelão, garrafas Pet, além de milhares
de outros produtos plásticos, é prensado e colocado
em fardos. Com a venda do material ele chega a ganhar R$ 800
no mês, juntando 60 fardos, a depender da quantidade
coletada. A idéia dele é montar uma fábrica
de reciclagem em Morro.
CRISTINA SANTOS
do jornal A Tarde, de Salvador - BA
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