Movimentos
sociais criticaram ontem a nova versão do projeto de
reforma universitária do Ministério da Educação
(MEC). Eles exigem a volta do modelo de cotas presente no
documento inicial.
Na nova proposta, apresentada anteontem, as universidades
federais ganham um prazo de dez anos para atingir a meta de
preencher 50% das suas vagas com alunos do ensino médio
público.
Além disso, o MEC retirou de sua proposta as partes
que coincidiam com um projeto de lei que tramita no Congresso
Nacional, que também prevê as cotas. O ministério
quer que sua reforma complemente esse projeto.
Outra mudança foi a possibilidade de cada instituição
escolher seu mecanismo para atingir a meta. Na versão
anterior, as universidades deveriam reservar as vagas.
"Ficamos desamparados", disse o coordenador da
ONG Educafro (Educação e Cidadania de Afrobrasileiros
e Carentes), frei David Santos. Para ele, antes havia duas
frentes para a inclusão social -o projeto de lei e
a reforma universitária. "Agora, só temos
uma."
O coordenador do MSU (Movimento dos Sem Universidade), Sérgio
Custódio, atacou o tempo dado às universidades.
"Não podemos esperar mais dez anos."
Outro lado
Ronaldo Motta, da comissão que elaborou a
proposta de reforma universitária, disse que o documento
do MEC deverá complementar o projeto que está
no Congresso. Um dos exemplos é o prazo dado para as
universidades. "A mudança não pode ser
brusca."
O presidente da Andifes (associação que representa
as federais), Oswaldo Baptista Duarte Filho, elogiou o prazo
e a liberdade para cada universidade escolher sua forma de
inclusão. "Houve respeito com as instituições."
A UFPR (federal do Paraná) destinou 40% de suas vagas
para as cotas neste ano. Seu reitor, Carlos Augusto Moreira
Jr, considerou "um avanço" o governo deixar
que as instituições adotem regras próprias
para chegar à meta.
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
|