Levantamento
inédito feito com 10 mil pais de alunos do ensino fundamental
da rede pública urbana de todos os Estados aponta que
52% deles dizem haver brigas constantes entre os estudantes
dentro e perto das escolas. Quando se trata do tema ligado
a drogas, 15,3% afirmam existir consumo no estabelecimento
de ensino e 6,1% falam em tráfico.
Os dados fazem parte da "Pesquisa Nacional Qualidade
da Educação: A escola pública na opinião
dos pais", feita pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais).
"A situação da escola pública reflete
a situação da sociedade. A violência não
é diferente. Por isso a necessidade de ações
afirmativas de paz, como a abertura das escolas aos finais
de semana", disse o presidente do Inep, Eliezer Pacheco,
ao apresentar os dados.
Segundo ele, um dos aspectos importantes da pesquisa é
o resultado apontando a importância que os pais dão
à escola pública, especialmente nas camadas
mais pobres. Isso se reflete quando os responsáveis
dão notas de 1 a 10 à escola. De 14 itens avaliados,
apenas 4 tiveram médias abaixo de 7: biblioteca (6,53),
sala de informática (2,93), quadras de esporte (6,0)
e bebedouros (6,56).
Apenas 2,77% dos 10 mil entrevistados disseram ter curso superior
completo. A maioria (58,32%) não tem o fundamental
-de 1ª a 8ª série- completo.
Esses dados podem ajudar a explicar o fato de mais de 70%
deles raramente ou nunca lerem jornais e livros. Usam a televisão
como o principal meio de diversão e informação.
"A diferença entre pobres e ricos em termos educacionais
começa em casa. Boa parte da explicação
do desempenho de uma criança está fora da escola,
começando em casa", disse o diretor de Avaliação
da Educação Básica do Inep, Carlos Henrique
Araújo.
LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S. Paulo
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