Vaidosa,
consumista, acomodada, individualista e menos preconceituosa.
Essas foram as palavras escolhidas pelos jovens para definir
sua geração, em recente pesquisa encomendada
e divulgada pela MTV. O Dossiê Universo Jovem 3 entrevistou
2.359 adolescentes, de 15 a 30 anos, das classes A, B e C
das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,
Salvador e Porto Alegre. “A intenção,
mais uma vez, não é fotografar o momento, é
captar o tempo; não é catalogar tribos, mas
entender como e em que direção está caminhando
a diversidade; não é fotografar o cenário,
mas entender que fatos do contexto impulsionaram mudanças”
– diz o dossiê. O trabalho revela como anda a
relação dos jovens com o sexo, drogas, beleza
e tecnologia da comunicação.
O estudo mostra que a juventude virou valor máximo,
‘obsessivamente preservado por quem naturalmente a tem
e arduamente perseguido por quem está biologicamente
distanciando-se dela’. Ao mesmo tempo mostra que o individualismo
floresce e que cada vez mais se manifesta nos relacionamentos
afetivos.
Já as ferramentas e as possibilidades trazidas pelas
tecnologias, assim como o consentimento familiar e social
para novos comportamentos em relação ao outro
e a si mesmo, trouxeram diferentes formas de viver, de comunicar-se
e um novo tempo para vivê-las. “A comunicação
intensificou-se e ganhou nova roupagem. A internet, que em
1999 era ainda uma promessa de alterações no
comportamento, realmente mudou muita coisa. Já é
acessada pela maioria da amostra, e tornou cotidiana a comunicação
através da rede” – afirma o levantamento.
Desde a elaboração do primeiro dossiê,
em 1999, a coordenação de pesquisa mapeou e
classificou seis perfis de jovens. “São perfis
que resultam das respostas dadas ao questionário. São
agrupamentos que correspondem ao padrão de pensamento
e comportamento“.
São eles:
Perfil 1/Antenas do tempo - valoriza o fato de ser
jovem num tempo de liberdade e tecnologia;
Perfil 2/ Novas posturas - reúne novos discursos e
um grupo voltado para práticas de participação
social. Grupo que mantém seu discurso afastado de marcas
famosas, códigos de moda e valorização
da beleza física;
Perfil 3/ Sonhando com as alturas e lutando nas bases - congrega
adolescentes que não podem dispor de tempo e dinheiro
para aproveitar a juventude. Grupo que percebe a tecnologia
como um inimigo em potencial;
Perfil 4/Vivendo intensamente - engloba jovens que querem
aproveitar ao máximo a juventude e adiar as responsabilidades;
Perfil 5/Arranhados pela vida - jovens que gostariam de ter
mais diversão, dinheiro e liberdade. Grupo descrente
e pessimista;
Perfil 6/ Solidário - reúne os jovens que mais
participam de movimentos comunitários e que apontam
a falta de solidariedade como o principal problema no mundo.
Veja abaixo alguns destaques do dossiê.
Família
Os jovens externam a percepção de
que os pais estão ausentes e alguns já sinalizam
que as coisas poderiam melhorar na estrutura familiar, a partir
do momento em que os papéis fossem devidamente assumidos
por eles e pelos pais. Os adolescentes se queixam de uma liberdade
excessiva e do pouco tempo de convivência com seus responsáveis.
- 50% dizem que se dão bem com a família, mas
afirmam que cada um está de um lado, cuidando da sua
própria vida.
Comunicação
A comunicação entre os jovens definitivamente
ganhou novas linguagens e canais alternativos específicos.
Hoje é possível selecionar e usar o canal perfeito
de acordo com o que se quer dizer, como se quer dizer, para
quem se quer dizer e em que tempo se quer dizer. A tecnologia
abriu espaços e comunicar-se ficou muito mais fácil,
seguro e rápido. A comunicação ganhou
flexibilidade e freqüência. Além dos celulares,
a internet foi forte fator de mudança no cenário
da comunicação entre jovens.
Jogar videogame, baixar música/ringtones, baixar protetor
de tela, enviar ou receber e-mail e acessar à internet
já são hábitos expressivos, que crescem
quanto menor a idade. Já as mensagens de texto via
celular são predominantemente utilizadas quando há
pressa, quando há muita objetividade, quando não
se quer gastar dinheiro, quando não se quer propriamente
conversar, mas fazer uma graça, se fazer presente,
dizer algo que não pode ser visto ou ouvido por mais
ninguém. Também são usadas quando não
se quer ser pego de surpresa com uma resposta inesperada ou
quando não se tem coragem de dizer a mensagem pessoalmente.
- 51% dizem que a internet mudou para melhor a forma de se
relacionar com os amigos
- 51% confessam que ficam mais à vontade de dizer determinadas
coisas pela internet
- 50% afirmam que se relacionam com algumas pessoas apenas
pela internet
- 48% reconhecem que já mentiram na internet
- 39% acreditam que passaram a falar mais com os amigos depois
da internet
- 84% enviam e recebem e-mails habitualmente
- 71% possuem celular
- 72% já trocaram de aparelho de celular
- 41% já trocaram de duas a três vezes de aparelho
de celular
- 96% utilizam o celular essencialmente para fazer ligações
- 79% fazem uso do celular para enviar mensagens de texto
Beleza
Os jovens acreditam que beleza é fundamental.
Para eles, beleza não é questão de sorte,
é questão de empenho e conquista. Segundo eles,
todos têm direito a lutar por ela. Estar bonita não
significa não poder ficar mais bonita. A vaidade, que
de acordo com o dicionário Aurélio, pode significar
coisa fútil, insignificante é, no dicionário
dos jovens, algo importante a ser preservado e sinalizador
de modernidade.
- 60% acreditam que pessoas mais bonitas têm mais oportunidades
na vida
- 80% estão satisfeitos com sua aparência
- 55% consideram aceitável que uma pessoa jovem faça
plástica ou lipoaspiração
- 45% concordam que a lipoaspiração é
um ótimo recurso para eliminar gorduras localizadas
- 8% declaram que prefeririam ser 25% menos inteligente se
pudessem ser 25% mais bonitos
- 7% afirmaram que provavelmente abririam mão de 25%
de inteligência por 25% de beleza
- 77% concordam que é muito bom que os homens estejam
preocupados com a beleza
- 75% acreditam que os homens que cuidam mais da beleza fazem
mais sucesso com as mulheres
- 31% dizem tentar sempre ou quase sempre comer comidas que
tenham poucas calorias
Drogas
O mundo das drogas não pode mais ser tratado
como um universo compacto e uniforme. De um modo geral, o
consumo de bebidas cresceu. Há drogas e drogas: as
legais e as ilegais, as pesadas e as mais leves, as da moda
e as tradicionais, as percebidas como de maior e menor risco.
Há usuários e usuários: tem até
pais de família, pessoas responsáveis que fazem
uso e trabalham, assim como há quem experimenta de
tudo, sem muito critério, e aqueles que estão
se acabando, no fundo do poço, e depende da idade,
da personalidade, da estrutura familiar. Há traficantes
e traficantes: há amigos que vendem. Há traficantes
que estão ficando amigos e amigos que estão
ficando traficantes. O jovem existe ora em um mundo ora em
outro. Admite que alimenta o tráfico quando consome,
mas não o faz pensando nisso e não quer que
ninguém lhe provoque esse tipo de raciocínio.
- 53% declararam já ter fumado cigarro, porém
mais da metade já parou
- 53% concordam com a frase ‘não tolero que fumem
cigarro perto de mim’
- 13% disseram que nunca beberam
- 85% acham que os jovens estão realmente exagerando
no consumo de bebida alcoólica
- 55% bebem habitualmente cerveja/chopp
- 94% dizem que as drogas hoje estão fáceis,
próximas e o consumo praticamente não é
reprimido
- 36% afirmam que a droga ainda é o maior problema
apontado pelos jovens
- 74% acreditam que poucos jovens chegarão aos 30 anos
sem ter pelo menos experimentado algum tipo de droga ilegal
- 33% concordam que é possível o consumo responsável
de drogas ilegais
- 71% posiciona-se contra a legalização da maconha
- 33% concordam com a frase ‘o tráfico tem um
papel social e econômico na comunidade’
- 69% dizem que tem mais medo do que confiança na polícia
Sexualidade
A informação e a possibilidade de experimentação
nunca estiveram tão presentes na vida do jovem em sua
dimensão de sexualidade. Estamos diante de um cenário
onde cada vez mais menos amarras sociais e familiares impedem
o jovem de passar da teoria à prática. Vive-se
a relação aberta do ‘ficar’ sem
vínculos emocionais assumidos. Se antes eram os garotos
que procuravam as garotas, hoje a mulher imita e responde
competitivamente ao comportamento masculino. A questão
da homossexualidade ganhou espaço. E, embora ainda
seja alvo de preconceito, está sendo mais tolerada.
- 76% já beijaram na boca de uma pessoa que conheceram
no mesmo dia
- 53% já ficaram com mais de uma pessoa na mesma noite
- 11% já afirmaram ter beijado na boca de uma pessoa
do mesmo sexo
- 69% concordam com a afirmação ‘dois
homens se beijando na boca significa que eles são homossexuais’
- 48% concordam com a afirmação ‘duas
mulheres se beijando na boca significa que elas são
homossexuais’
- 40% se incomodam quando presenciam dois homens se beijando
- 31% se incomodam quando presenciam duas mulheres se beijando
- 83% já perderam a virgindade
- 22% perderam a virgindade até os 14 anos.
As informações são
do site Rio Mídia.
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