Em um
ano de crescimento econômico mundial forte, os emergentes,
como o Brasil, se beneficiaram da demanda crescente dos países
desenvolvidos. O FMI (Fundo Monetário Internacional)
estima que a economia mundial tenha crescido 5% em 2004.
"O ano passado foi generoso com as economias emergentes,
e o Brasil não foi exceção", diz
Renata Heinemann, economista do Banco Pátria. Para
Heinemann, o país teve crescimento forte, com expansão
das exportações sem prejuízo do desempenho
interno, mas o desempenho do Brasil não se destacou
na América Latina.
A Argentina, por exemplo, cresceu 8,8% em 2004, segundo estimativa
do governo. O país vizinho se beneficiou dos preços
elevados das commodities e teve crescimento alto por causa
da base de comparação fraca, assim como o Brasil,
segundo Heinemann. A economista considera que outros países,
como México e Venezuela, que se beneficiaram da alta
do petróleo, tiveram mais destaque na região.
Já para Alex Agostini, economista da consultoria GRC
Visão, o Brasil não foi o único a aproveitar
a expansão mundial, mas outros países tiveram
mais competência para isso.
"O resultado de 2004 foi positivo, mas ele não
aconteceu porque estamos fazendo a lição de
casa, e sim por condições internacionais favoráveis",
diz o economista.
Um exemplo, para ele, seria a Índia, que vem crescendo
já há algum tempo sem crises internas, diferentemente
do Brasil, que enfrentou turbulências em 2003. A Índia
teve crescimento de 6,4% no ano passado, segundo estimativa
do FMI.
Agostini lembra também que a média de crescimento
dos países emergentes é de 3,5% ao ano, enquanto
o Brasil cresceu, nos últimos dez anos, a uma média
de 2,4% ao ano, taxa que o economista considera muito baixa.
Ainda que o desempenho do Brasil tenha ficado atrás
do de países como China (que cresceu 9,5% em 2004)
e Turquia (7%, segundo previsão do FMI), a expansão
do país foi maior do que a dos principais países
desenvolvidos.
Os Estados Unidos cresceram, no ano passado, 3,9%, enquanto
a Europa e o Japão tiveram desempenhos bem mais fracos.
Os 12 países da zona do euro cresceram só 2%
em 2004; já os 25 países da União Européia
se expandiram 2,3%. O Japão, que registrou retração
nos últimos três trimestres, teve aumento do
PIB de 2,6%.
Desaceleração em 2005
Há sinais de desaceleração na
economia mundial, o que pode se refletir em menor demanda
por produtos brasileiros. O FMI projeta menor crescimento
da economia global, de 4%, este ano.
Outros riscos para o equilíbrio mundial são
a possibilidade de novos aumentos no preço do petróleo
e nos juros básicos dos Estados Unidos.
Para Agostini, porém, esses fatores não comprometem
a penetração de produtos brasileiros no exterior,
já que o país tem participação
pequena no comércio mundial.
Heinemann diz que "haverá uma acomodação
do crescimento global em 2005, mas ele ainda terá vigor
expressivo". A economista não vê indícios
de desaceleração nos Estados Unidos, na China
e na Ásia. "A expansão mundial vai impulsionar
a economia brasileira, pelo menos no primeiro semestre",
diz.
As informações são
da Folha de S. Paulo.
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