A insegurança
do brasileiro com relação ao trabalho aumentou
nos últimos três meses. Segundo pesquisa da CNI
(Confederação Nacional da Indústria),
56% das pessoas entrevistadas acreditam que o desemprego irá
aumentar nos próximos seis meses e 40% estão
com muito medo de perder o emprego.
A pesquisa da CNI é feita pelo Ibope a cada três
meses com 2.000 pessoas e mede o índice de confiança
dos consumidores. A margem de erro é de 2,2 pontos,
para cima e para baixo. No trimestre anterior, de outubro
a dezembro de 2003, 49% dos entrevistados acreditavam que
o desemprego aumentaria e 39% tinham muito medo de perder
o emprego.
De fato, o número de desempregados aumentou. A taxa
de desocupação nas principais regiões
metropolitanas do IBGE foi de 10,9% em dezembro, 11,7% em
janeiro e 12% em fevereiro.
Em dezembro, 30% acreditavam que o desemprego diminuiria
nos meses seguintes. Mas, em março, esse número
caiu para 22%. No total, 63% dos brasileiros têm medo
de ficar desempregados: 40% têm muito medo e 23% um
pouco de medo. Essas respostas não variaram muito com
relação ao trimestre anterior -39% e 24%, respectivamente-,
quando 49% acreditavam que o desemprego iria aumentar e 30%
disseram que iria diminuir.
Reavaliação
Na avaliação do chefe do Departamento Econômico
da CNI, Flávio Castelo Branco, os consumidores fizeram
"uma reavaliação do ritmo com que as coisas
vão melhorar". "No início do ano passado,
havia uma grande expectativa com relação ao
crescimento da economia por causa da troca de governo, agora
as pessoas estão mais realistas", disse.
O índice geral de expectativa do consumidor do primeiro
trimestre caiu 4,8% com relação ao anterior.
Esse índice é resultado de um cálculo
que incluiu a expectativa das pessoas em relação
a inflação, renda e trabalho. No levantamento
anterior esse índice teve uma variação
positiva de 2,7%.
O medo de perder o emprego afetou o planejamento de consumo.
O índice que mede a intenção de comprar
mais nos próximos três meses oscilou de 23% em
dezembro para 20%. O de consumidores que esperam comprar menos
variou de 29% para 30% e o dos que pretendem manter o atual
nível de consumo subiu de 48% para 49%.
CLÁUDIA DIANNI
da Folha de S.Paulo
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