ARARAS
(SP). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou
ontem que vai criar um exame para avaliar o ensino fundamental
a cada seis meses. Ao justificar a medida, Lula afirmou que
52% das crianças que terminam a 5 série não
conseguem interpretar corretamente um texto. Segundo o presidente,
que participou em Araras (SP) da inauguração
de uma fábrica de café solúvel, os secretários
estaduais e, se preciso, os governadores, serão convocados
semestralmente para avaliar a eficiência da educação.
“Se necessário, convocarei uma reunião
de governadores para que possamos medir a cada seis meses
se as crianças estão aprendendo de verdade.
Se não estiverem, é preciso mudar o que estamos
fazendo. Pedi ao ministro Tarso Genro, porque é importante
que a gente comece a fazer testes com as crianças do
ensino fundamental a cada seis meses”, disse Lula.
Escola de qualidade
Sem citar o ex-presidente Fernando Henrique, Lula afirmou
que o governante deve centrar esforços para que a escola
fundamental garanta ensino de qualidade, que capacite os cidadãos
a ingressar no mercado de trabalho.
“O objetivo é garantir que a criança
aprenda. Não basta um governante se vangloriar de ter
todas as crianças na escola. É melhor se vangloriar
da qualidade da educação que as crianças
têm, que nossos universitários têm”,
disse.
O presidente criticou a educação continuada,
método aplicado no governo Geraldo Alckmin (PSDB) em
São Paulo, no qual o aluno é aprovado automaticamente,
sem reprovação. Lula sugeriu que os professores
passem por reciclagens e capacitações caso as
avaliações semestrais tenham resultados negativos.
“Se a criança não estiver aprendendo
porque o ensinamento não está sendo correto,
vamos ter também que melhor qualificar os educadores,
para que eles possam melhorar a qualidade do ensinamento de
nossas crianças”.
Para Lula, este é o momento de fazer essa intervenção
na educação nacional. “Se não fizermos
agora, cada dia que passar vamos nos arrepender mais de não
termos investido no momento certo”, ressaltou.
Boa formação é fundamental
No discurso, feito para uma platéia de operários
da Nestlé, Lula disse que dificilmente o Brasil será
competitivo no exterior e não fortalecerá sua
economia sem uma boa formação que qualifique
bem a mão-de-obra.
“Chegará o dia em que não estaremos exportando
matéria-prima ou produtos industrializados. O dia mais
sagrado desse país será aquele em que estivermos
exportando o conhecimento do povo”.
ADAURI ANTUNES BARBOSA
do jornal O Globo
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