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acordo
31/03/2004
Servidores: reajuste maior para salário menor

BRASÍLIA. Com o discurso de que é preciso privilegiar quem ganha menos, o governo apresentou ontem aos sindicatos de servidores federais sua proposta para reajustar os salários do funcionalismo a partir de maio. A tabela prevê aumentos diferenciados para 905.848 servidores ativos e aposentados de diversas categorias que, ao longo dos últimos anos, tiveram perdas salariais mais significativas. Os percentuais de reajuste variam de 10,79% a 29,38% para ativos e de 7,11% a 26,13% para os inativos, de acordo com a categoria.

Segundo o Palácio do Planalto, a proposta apresentada aos sindicatos representa o maior reajuste dado à categoria nos últimos dez anos. Boa parte dos servidores terá reajuste superior à inflação acumulada em 2003, que foi de 9,3%, segundo o IPCA, do IBGE. Os sindicalistas gostaram da estratégia de conceder reajustes maiores para os que ganham menos, mas reclamaram principalmente porque o aumento para os aposentados não será igual ao dos servidores da ativa.

Cinco categorias
Com os reajustes, que começariam a ser pagos em maio, a folha de pagamento do funcionalismo saltaria de R$ 78 bilhões para R$ 84 bilhões. Para estabelecer os percentuais, o Ministério do Planejamento dividiu os servidores com salários mais achatados em cinco grandes categorias: professores do ensino médio e da educação superior; técnicos-administrativos da educação; servidores da seguridade social; servidores da Previdência; e PCC (servidores que integram o Plano de Classificação de Cargos). Cada uma dessas categorias foi subdividida em três níveis: auxiliar, intermediário e superior.

O percentual mais alto de reajuste (29,38%) vai para os servidores da ativa de nível intermediário da seguridade social — que inclui funcionários dos Ministérios da Saúde, Trabalho, Previdência (lotados na sede) e Assistência Social.

A tabela foi considerada complexa até pelos sindicalistas que desde fevereiro participam das negociações com o governo. Há percentuais diferentes até para servidores que integram uma mesma categoria, em níveis idênticos. O governo diz que estabeleceu percentuais maiores para salários menores.

À categoria mais numerosa, os 393.003 servidores ativos e inativos que integram o PCC, foram oferecidos reajustes de 11,87% a 28,77% para quem ainda está na ativa e de 7,12% a 14,03% para os aposentados. Nesses intervalos, os percentuais variam de acordo com o nível do servidor.

Atendimento à população
Os reajustes incidirão sobre a soma do vencimento básico dos servidores com as gratificações e as outras vantagens. Pela tabela do governo, aos aposentados caberia apenas uma parcela do reajuste a ser concedido para os servidores da ativa. Com isso, grande parte dos inativos teria reajustes inferiores à inflação acumulada em 2003, de 9,3%, segundo o IPCA.

O governo diz que teve de optar: ou concedia um reajuste linear de 2,67% para todos os 1,3 milhão de servidores federais ou pensava numa alternativa que beneficiasse com percentuais maiores a parcela do funcionalismo que ganha menos.

"A idéia é dar um reajuste diferenciado para as categorias que nos últimos anos tiveram perdas maiores e que têm, portanto, os salários menores. São categorias que estão na ponta do serviço público, no atendimento à população", disse o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.

A política de aumento salarial adotada pelo governo difere da tradicional, principalmente por não se basear no tradicional reajuste linear. Os reajustes serão concedidos como gratificação. Isso isentaria o governo da obrigação de estender os mesmos percentuais a todo o funcionalismo. O ministério garante que está bem embasado juridicamente para evitar questionamentos nos tribunais.


RODRIGO RANGEL
do jornal O Globo

   
 
 
 

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