CURITIBA – Bom, mas ainda
não o ideal. Esta é a opinião do senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) a respeito da política social
do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em seu primeiro
ano de atuação.
Apesar de defender a política adotada até o
momento, Suplicy afirmou que o ideal seria o programa Renda
Básica de Cidadania, proposta sua que prevê o
pagamento de uma renda mínima a todos os brasileiros,
independentemente da condição social.
Suplicy esteve ontem em Curitiba mostrando seu projeto aos
alunos do curso de Direito da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC-PR).
Suplicy disse que a unificação dos programas
sociais em um só, o Bolsa Família, representou
um grande avanço para uma eficácia maior dos
programas sociais.
"Os programas já estavam funcionando, mas agora
eles têm um desenho gerencial melhor", comentou.
"Mas agora é necessário dar um passo avante,
e implementar o Renda Básica".
Pelo projeto de Suplicy, todos os brasileiros teriam direito
a uma renda mínima paga pelo Estado, independentemente
de sua condição social. Os recursos para o projeto
viriam do Fundo Brasil de Cidadania, cuja criação
também está em tramitação no Congresso.
Este fundo agregaria recursos provenientes do pagamento de
royalties pela exploração de recursos naturais,
da arrecadação das concessões de serviços
públicos, da arrecadação dos aluguéis
de imóveis da União e de outras fontes, como
a CPMF. Da alíquota de 0,38% da CPMF, 0,08% já
são destinados hoje ao Fundo de Combate à Pobreza.
Gradual
Suplicy defende a adoção gradual do
programa. Em seus cálculos, se o Renda Básica
iniciasse com o pagamento mensal de R$ 40 para cada cidadão,
em um ano seriam gastos R$ 83 bilhões com o pagamento
do benefício para 75 milhões de pessoas. "Isto
é muito dinheiro, representa 5% do PIB. No entanto,
este ano pagaremos 10% do PIB em juros. Se perguntarmos à
população o que ela prefere, erradicar a pobreza
ou pagar juros, acho que a resposta será evidente",
disse Suplicy.
Simplificação
A justificativa do senador para oferecer o pagamento a todos
os brasileiros, independentemente da renda que tenham, está
na simplificação.
Suplicy citou uma pesquisa das Nações Unidas
que revelou que os programas sociais brasileiros gastam muito
dinheiro e são pouco eficazes. Para ele, como o benefício
seria concedido a todos, haveria menos burocracia, não
haveria uma máquina administrativa para analisar os
critérios de concessão de benefícios
nem outra de fiscalização da aplicação
destes critérios. "E também seria eliminado
o sentimento de vergonha, da pessoa dizer que recebe o benefício
porque é pobre", completou.
O projeto de Suplicy já havia sido aprovado pelo Senado.
Semana passada ele foi aprovado na Comissão de Constituição
e Justiça e Redação (CCJ) da Câmara
dos Deputados, com relatório do deputado Irineu Colombo
(PT-PR).
A Comissão de Finanças e Tributação
também aprovou o projeto, que segue esta semana para
votação no plenário. Se for aprovado
pelos deputados, o projeto segue para sanção
do presidente. "Eu acredito que ele será sancionado,
pois ele está de acordo com o programa de governo defendido
pelo presidente", comentou Suplicy. Ainda ontem o senador
viajou para a África do Sul, onde apresentaria seu
projeto a organizações governamentais e não-governamentais
daquele país.
ADRIANO KOEHLER
Da Gazeta do Povo, de Curitiba - PR
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