BRASÍLIA
- O governo brasileiro vai exportar programas sociais para
Moçambique, Angola e Haiti. O convênio com Moçambique
será assinado nesta quarta-feira e prevê o repasse
a fundo perdido de máquinas para a fabricação
de bolas, uniformes, tênis e apoio técnico, no
valor de US$ 55 mil (R$ 156 mil). Esse também será
o valor da parceria com Angola, a ser formalizada nas próximas
semanas.
Os dois programas são o Pintando a Liberdade, em que
presidiários produzem bolas, e o Segundo Tempo, que
estimula alunos da rede pública a praticar esportes.
A idéia é que jovens carentes ou infratores
de Maputo - a capital de Moçambique - trabalhem na
confecção das bolas, que serão utilizadas
em atividades esportivas por mil estudantes de 7 a 17 anos.
A ajuda brasileira faz parte da política externa do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca dar
ao Brasil um papel mais ativo no cenário internacional.
A negociação com o governo de Moçambique
começou em janeiro, após Lula ter visitado Maputo
em novembro.
"Podemos ajudar países que têm mais dificuldades
do que o Brasil. Os moçambicanos adoram esporte e o
futebol brasileiro em especial", diz o ministro do Esporte,
Agnelo Queiroz, que assina o convênio nesta quarta-feira.
No Brasil, o Pintando a Liberdade funciona em 62 penitenciárias
de todo o país, empregando 12.700 detentos. Eles já
produziram este ano 900 mil bolas de futebol, futsal, vôlei
e basquete. As bolas custam quase três vezes menos do
que nas lojas e são utilizadas pelo governo no programa
Segundo Tempo, que atende 800 mil alunos da rede pública
em 650 municípios.
Para Moçambique, o governo brasileiro vai ceder máquinas
de corte, compressores e laboratórios de serigrafia,
além de 250 bolas, duas mil camisetas, mil calções
e mil pares de tênis. Um ex-preso brasileiro será
enviado àquele país para ensinar os detentos
moçambicanos a fabricarem as bolas. O governo moçambicano
deverá bancar uma contrapartida de US$ 20 mil (R$ 57
mil). Segundo Agnelo, a expectativa brasileira é que
o país africano multiplique o esforço e expanda
o programa. O convênio com o Haiti deverá ser
negociado até o fim do ano.
DEMÉTRIO WEBER
do jornal O Globo
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