BRASÍLIA.
O novo Plano Nacional de Pós-Graduação
prevê que o país forme 16 mil doutores em 2010,
o dobro do que as universidades brasileiras formaram em 2003.
Elaborado pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), o documento será
apresentado hoje ao ministro da Educação, Tarso
Genro.
O novo plano estabelece ações para o período
de 2005 a 2010. Está previsto o aumento do número
de bolsas de mestrado e doutorado concedidas pelo governo,
o que exigirá mais investimentos. A idéia é
ampliar gradativamente os gastos com bolsas, para que em 2010
o orçamento do setor tenha um acréscimo de R$
528 milhões.
110 mil
Atualmente, a Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) atendem a cerca
de um terço dos 110 mil mestrandos e doutorandos do
país, segundo o presidente do órgão,
Jorge Guimarães. A meta até 2010 é ampliar
esse número e conseguir dar bolsas para mais da metade
dos pós-graduandos.
"É uma meta bem exeqüível, não
tem nada de extraordinário. Já temos uma base
boa", diz Guimarães.
Além de aumentar o número de mestres e doutores,
o novo plano nacional quer que os cursos de pós-graduação
atuem em sintonia com a política industrial e o comércio
exterior. O objetivo é formar pesquisadores em áreas
de ponta para desenvolvimento tecnológico, como biotecnologia,
engenharias e novos materiais.
Segundo Guimarães, dos 8.094 doutores formados em
2003, apenas cerca de 12% atuam nas áreas das engenharias
e computação. Ele acrescentou que, caso o país
atinja a meta de formar 16 mil doutores por ano em 2010, continuará
atrás de países como a Coréia do Sul,
que já forma esse número de doutores atualmente,
sendo que boa parte justamente na área tecnológica.
O plano trabalha com três cenários para a economia
no período 2005-2010: pessimista, intermediário
e otimista. Caso o cenário otimista prevaleça,
a meta de formar 16 mil doutores poderá ser ampliada,
com o financiamento de mais alunos de doutorado no exterior.
2004
Em 2004, segundo Guimarães, a Capes e o CNPq
investiram cerca de R$ 800 milhões em bolsas e custeio
das teses dos pesquisadores. O plano determina um acréscimo
de R$ 88 milhões este ano, R$ 128 milhões em
2006 e R$ 200 milhões em 2007 até atingir R$
528 milhões em 2010. Guimarães acredita que
em 2006 já será possível formar 10 mil
doutores ao ano, atingindo a meta do programa de governo do
presidente Lula.
O documento registra os desafios e avanços da pós-graduação,
cujo sistema de avaliação serve de referência
até no exterior. Na última avaliação,
divulgada em dezembro, 36 dos 1.819 cursos analisados foram
reprovados e não poderão receber novos alunos.
Guimarães disse ainda que nos últimos 24 anos
a produção científica brasileira ultrapassou
a de países como Áustria, Bélgica, Finlândia,
Noruega, Dinamarca eIsrael. Mas o país foi superado
por concorrentes como Coréia do Sul, China e Espanha,
que, hoje, formam mais doutores.
DEMÉTRIO WEBER
do jornal O Globo
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