Ex-depósito
de uma indústria de aço do município,
há quatro meses o local se transformou em uma fonte
de renda para cerca de 200 adultos e crianças.
Um
ex-depósito de uma indústria de aço em
Santo André, região do ABC, funciona como um
garimpo urbano há quatro meses. Ali aproximadamente
200 adultos e crianças chegam todos os dias por volta
das 6h em busca de pedaços de ferro, cobre, aço
e alumínio. O material é vendido no final do
dia a comerciantes de ferro-velho.
O Conselho Tutelar de Santo André
esteve ontem no local, encontrou 16 menores no garimpo e disse
que a área oferece risco por causa dos materiais. Hoje
a equipe deve voltar ao lugar para conversar com os pais e
explicar que as crianças precisam estar na escola.
Desempregado e com quatro filhos —
de 7, 5, 4 e 2 anos de idade — , o marceneiro Marcos
Paulo Moraes, de 28 anos, encontrou no garimpo o sustento
da família. Por dia, ganha em média R$ 60. Ele
está ali há um mês. Sai de casa de bicicleta,
no bairro de Vila Luzita, às 6h. Às 16h, vende
a produção diária. Seu final de semana
é livre e dedicado aos filhos. “Essa foi a única
opção que apareceu.”
O terreno fica na altura do 2.100
da Avenida do Estado. Pás, picaretas e as até
mãos — já exibindo calos e rachaduras—
são as “ferramentas” usadas pelos garimpeiros.
Pedaços de aço e metal
costumam ser mais lucrativos, chamados de “material
fino”. O quilo custa R$ 1,80. Já pelo ferro paga-se
R$ 0,13.
Os garimpeiros urbanos relatam que
lá já acharam motores de geladeira, eletrodomésticos,
botijões de gás e barras ferro de 300 quilos.
“Encontrar uma peça desse tamanho é um
presente de Deus. Isso aqui é lugar para pessoa que
tem coragem. O que faturo no sábado garante a fruta
das crianças no domingo”, diz o ex-feirante Valmir
Machado Dias, de 33 anos, que, há três meses
no garimpo, consegue R$ 25 por dia.
De acordo com a Prefeitura de Santo
André, o terreno pertence à Rede Ferroviária
Federal e, por cessão em comodato, ficou durante 20
anos com a Gerdau, uma indústria de aço. Atualmente,
a responsável pela área é a Universidade
do Grande ABC (UniABC).
O Serviço Municipal de Saneamento
Ambiental de Santo André (Semasa) notificou ontem a
UniABC e declarou que o garimpo é um problema ambiental.
Segundo a instituição, como não existe
licença ambiental da prefeitura para a exploração
da área, o proprietário pode ser multado.
A universidade declarou ainda não
ter informações sobre o assunto. Procurada,
a assessoria de imprensa da Gerdau não foi encontrada
para comentar o caso.
As informações são
do Diário de São Paulo.
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