BRASÍLIA. O ministro da Saúde,
Humberto Costa, até que tentou evitar a polêmica
com a Igreja Católica na campanha de combate à
Aids para o carnaval, lançada ontem com o slogan “Pela
camisinha não passa nada. Use e confie”. O ministério
chegou a mudar o slogan inicial — “Por aqui não
passa nada. Bote fé, use camisinha” — para
não parecer provocação. Não adiantou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou
duramente a campanha e acusou o governo de incentivar a infidelidade
conjugal:
" A campanha trata relações sexuais promíscuas
como se fossem inevitáveis. O texto orienta: “Não
se iniba, divirta-se, mas use camisinha”. Incentiva-se
a infidelidade conjugal e a propagação da Aids.
É apagar fogo com gasolina", disse dom Rafael
Llano Cifuentes, presidente da Comissão Família
e Vida da CNBB.
"Achamos que o slogan (anterior) poderia desafiar ou
provocar polêmica com a Igreja Católica, o que
julgo desnecessário, até porque o ministério
trabalha com a Igreja no combate à Aids em outros países",
disse o ministro da Saúde.
O objetivo da campanha é mostrar que as camisinhas
são seguras e eficazes. As peças publicitárias
veiculadas na TV exibem um rapaz enchendo uma camisinha de
refrigerante e mostrando que ela não estoura nem vaza.
Nos cartazes, a camisinha é transformada num aquário,
com um peixinho dentro.
Campanha é dirigida aos homens
É mais uma tentativa de convencer os 15% da
população — cerca de 14 milhões
de pessoas — que, segundo pesquisa do Ibope, ainda acreditam
que o preservativo não funciona mesmo se usado corretamente.
Desses, 45% afirmam que não gostam da camisinha, usam
outros métodos contraceptivos ou não confiam
no preservativo, e 53% dizem que confiam no parceiro. A campanha
é dirigida especialmente aos homens entre 18 e 39 anos
das classes C, D e E.
"Nessa época de carnaval, o uso de pouca roupa
estimula o relacionamento sexual mais intenso. A campanha
se dirige aos homens porque eles representam 60% dos que compram
camisinhas", disse o ministro.
Para dom Rafael, no entanto, a campanha peca por não
alertar que há perigo de falha na camisinha e diz que
os usuários deveriam ter o direito de saber o risco
que estão correndo.
O ministério distribuirá dez milhões
de camisinhas no carnaval, um número recorde. No ano
passado, foram oito milhões.
As informações são
do jornal O Globo.
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