O ingresso de estudantes de escolas públicas na Universidade
Estadual de Londrina (UEL) através do sistema de cotas
não deve provocar grandes impactos no sistema superior
de ensino. A avaliação é do vice-reitor
da universidade, Eduardo Di Mauro, com base em estudo feito
recentemente entre os alunos dos 59 cursos da instituição.
A pesquisa aponta que mais de 40% dos acadêmicos da
instituição são oriundos de escolas públicas.
Segundo o levantamento, concluído
no final do mês passado, 33 cursos oferecidos pela UEL
contam com mais de 40% de estudantes vindos de escolas públicas.
Quinze deles chegam a ter percentual superior a 70%. Os 26
restantes têm menos de 40% de alunos formados no ensino
médio do Estado.
A participação de alunos
negros na comunidade acadêmica também foi considerada
significativa pelo vice-reitor. O levantamento, diz ele, mostra
que estudantes negros e pardos formam mais de 15% do corpo
acadêmico de 25 cursos da universidade. No entanto a
maioria dos cursos tem menos de 20% de negros nas salas de
aula.
''Os valores são bem próximos
do que o sistema de cotas estipula para o vestibular de 2005,
que é de 40% das vagas destinadas a estudantes de escolas
públicas e, destas, 50% para alunos negros e pardos'',
explicou Di Mauro. ''Considerando-se a conjuntura atual da
universidade, as cotas aumentariam a participação
de alunos de escolas públicas de 42,5% para 51,41%,
e de negros, de 13,16% para 20,73%'', calcula.
Impactos mais significativos aconteceriam
nos cursos de medicina e de administração de
empresas, graduações com os menores índices
de participação de alunos de escolas públicas.
De acordo com dados do levantamento, somente 5% dos alunos
de medicina são formados em escolas públicas.
No caso de administração, este índice
chega a 10%.
O baixo impacto educacional gerado
pela medida, no entanto, não convence os alunos da
universidade do caráter democrático do sistema
de cotas. Consultados pela reportagem da Folha, foram unânimes
em afirmar que são contra a iniciativa. As principais
críticas foram dirigidas à responsabilidade
do governo estadual sobre a qualidade do ensino médio
e sobre a possibilidade de discriminação profissional
que os alunos cotistas poderão enfrentar (ver enquete
na página).
O vice-reitor considerou normal a
reação dos estudantes ao declararem a posição
contrária ao estabelecimento de cotas. ''Admitimos
que a medida, se analisada primariamente, passa a impressão
de ter um caráter de favorecimento'', avaliou Di Mauro.
''Mas é preciso observar que a própria sociedade
não oferece condições de igualdade para
estudantes de escolas pública, frente aos que têm
melhores condições financeiras'', ressaltou.
O representante da UEL conclui: ''O
sistema de cotas realmente deve ser encarado como um paliativo
e não pode ser levado como uma medida isolada. É
uma solução de curto prazo, que vai democratizar
o ensino superior enquanto o Estado não tiver condições
de melhorar o ensino público.''
As informações são
da Folha de Londrina.
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