O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem à
noite que os brasileiros devem agradecer a Deus pelas conquistas
"e não ficar chorando o que não conquistaram
ainda". Em discurso na Fazenda do Menor, em Feira de
Santana (108 km de Salvador), o presidente disse também
que é possível criar empregos "a custo
baixo" e pediu esperança à população.
"Sou filho de uma família pobre, que saiu de Caetés
e chegou à Presidência da República",
disse.
Acompanhado de cinco ministros além do governador Paulo
Souto (PFL-BA), Lula inaugurou mais uma etapa do programa
Pintando a Liberdade, que atende crianças que cometeram
delitos. Cerca de 12 mil crianças esperavam o presidente.
Segundo os administradores, a Fazenda do Menor vai produzir
cerca de 440 mil peças de roupa (camisetas, bermudas,
shorts e agasalhos) por ano. O material é destinado
ao programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte.
Mais cedo, em São Paulo, no Memorial da América
Latina, Lula falou do Haiti, de São Tomé e Príncipe
e até do Sudão, em mais uma evocação
aos países ricos para que ajudem os mais pobres.
O presidente discursou na abertura da Semana Nacional pela
Cidadania e Solidariedade, cujo objetivo é promover
conscientização sobre os oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, da ONU, que estabelecem
metas para melhorar indicadores sociais.
Para Lula, "o Haiti tem um problema de democracia por
conta dos problemas sociais muito sérios [que enfrenta]."
Ele avaliou que a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide,
no começo do ano, deveu-se a questões sociais.
Vaticinou: "Vão cair todos os presidentes porque,
enquanto não se resolver o problema social, não
é possível falar em paz".
Cerca de 1.200 militares brasileiros integram uma missão
de paz da ONU no país. A seleção brasileira
vai jogar no Haiti dia 18 e o Lula irá acompanhá-la.
"Eles adoram o futebol brasileiro; é um gesto
que a gente quer fazer para o mundo, [demostrando] que nem
tudo precisa de canhão, de metralhadoras ou armas de
destruição em massa." "Às vezes,
um gesto de carinho vale muito mais do que determinadas guerras".
Pediu investimentos dos países ricos no país
caribenho.
O presidente lembrou que há alguns dias esteve em São
Tomé e Príncipe, na África, "um
país que tem 100% de malária e malária
está ligada à questão da limpeza, da
higiene e, se não fizer saneamento básico naquele
país, que tem um potencial turístico excepcional,
nunca vai se desenvolver".
Depois, citou que o Sudão enfrenta uma guerra civil,
com mais de um milhão de refugiados. "Mas a Inglaterra
esteve lá por quase 300 anos. Ninguém assume
nada?
Ninguém discute "qual é minha parte nisso?"
Ou é a parte dos miseráveis, mesmo, que têm
de assumir". Concluiu o discurso afirmando que a sociedade
tem de cobrar os governos. "Não tenho o menor
direito de ficar nervoso. Tenho o direito de relaxar e falar:
"Bom, eu preciso permanecer Lula paz e amor para as coisas
darem certo no Brasil".
Em seu programa de rádio quinzenal, veiculado ontem,
o presidente Lula disse que o governo federal não quer
ser o "dono da verdade".
As informações
são da Folha de S.Paulo.
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