|
Rio (AE)
– A inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou
para 0,78% em setembro, contra 0,34% em agosto, pressionada
pelos reajustes de alimentos e de tarifas. A alta foi acima
do esperado por analistas econômicos (teto de 0,77%),
mas não deverá impedir uma nova queda na taxa
básica de juros (Selic).
Para a gerente do Sistema de Índices
de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Eulina Nunes dos Santos, o "pulo" da taxa
é puramente pontual e não significa descontrole
da inflação ou alta generalizada de preços.
Segundo ela, as pressões sobre os preços em
outubro serão menores do que as apuradas em setembro.
O diagnóstico é compartilhado
por outros economistas. Luiz Roberto Cunha, membro do conselho
do sistema de índices de preços do IBGE e economista
da PUC-RJ, avalia que "a inflação não
é problema a médio ou longo prazo". O prognóstico
é similar ao do economista do Ibmec Carlos Thadeu de
Freitas, ex-diretor de Política Monetária do
Banco Central, para quem "a alta do IPCA de setembro
é cem por cento sazonal".
O IPCA é o índice de
referência para o regime de metas de inflação
do governo e já acumula no ano, até setembro,
alta de 8,05% e em 12 meses, de 15,14%. Em setembro, a maior
pressão sobre a taxa ficou por conta dos preços
administrados, que elevaram em 0,78% o grupo dos produtos
não-alimentícios, que contribuíram com
0,60 ponto porcentual na inflação do mês.
As altas mais importantes foram registradas
no telefone fixo (2,45%), por causa dos reajustes de pulsos
de telefonia local e na taxa de água e esgoto (6,3%,
devido a aumentos ocorridos no Rio de Janeiro e São
Paulo). A gasolina apresentou a segunda alta consecutiva no
IPCA em setembro (1,27%), por causa do fim das promoções
nos postos e os reajustes no álcool anidro, que tem
25% de participação na composição
do produto
A alta nos preços dos produtos
alimentícios (0,78%), sob impacto da entressafra, apresentou
contribuição de 0,18 ponto porcentual no IPCA.
Eulina explicou que os reajustes dos alimentos não
foram generalizados, mas ocorreram em produtos com forte peso
nas despesas das famílias, como carnes (4,3%), frango
(3,79%), café moído (1,61%) e arroz (1,21%).
O Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC), que mede a inflação da
camada de menor renda da população, ficou em
0,82% em setembro, ante 0,18% em agosto. O INPC foi mais alto
do que o IPCA porque os alimentos têm maior peso para
a camada de baixa renda.
Juros
A inflação de setembro
não deverá comprometer a trajetória de
queda na taxa básica de juros, segundo economistas.
Luiz Roberto Cunha espera uma queda de 1,5 a 2 pontos porcentuais
na Selic na reunião deste mês do Comitê
de Política Monetária (Copom). O prognóstico
é similar ao do economista Carlos Thadeu de Freitas,
que projeta os mesmos porcentuais de redução.
IGP-DI
O Índice Geral de Preços
– Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação
Getúlio Vargas (FGV) subiu de 0,62% em agosto para
1,05% em setembro. A alta ocorreu tanto no atacado quanto
no varejo e atingiu até o núcleo da inflação
ao consumidor, que subiu de 0,45% para 0,67% de um mês
para o outro.
As informações são da Gazeta do Povo,
de Curitiba-PR. |