O racionamento de água começa
dia 15 na Grande São Paulo e vai afetar 440 mil moradores
das cidades de Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecerica
da Serra e Vargem Grande Paulista.
A maior parte é abastecida
pelo sistema Alto Cotia, mas cerca de 100 mil do total recebem
água do sistema Guarapiranga e passarão por
um racionamento solidário.
A manobra é necessária para que a água
economizada com os cortes na área servida pelo Guarapiranga
- 450 litros por segundo- seja revertida para a região
do Alto Cotia com o objetivo de evitar que o racionamento
lá seja ainda mais rigoroso.
Em princípio, a população
será dividida em dois grupos, e o esquema será
de 36 horas com água e 36 horas sem -o que já
é um desabastecimento maior do que o que o Alto Cotia
viveu em 2000.
Sem a ajuda do racionamento solidário
do Guarapiranga, quem é servido pelo Alto Cotia poderia
ficar entre 40 horas e até dois dias seguidos sem água.
A situação da represa Pedro Beicht, única
do sistema, é crítica: ela deveria produzir
1.110 l por segundo, mas só tem produzido 100 l por
segundo.
O reservatório operava ontem
com 7,6% de sua capacidade e vem secando 0,4 ponto percentual
por dia. O volume atual é o mais baixo desde a sua
criação, em 1916. Em 2000, quando entrou em
racionamento, o Alto Cotia tinha 14,6% de sua capacidade.
As chuvas não têm ajudado: até ontem de
manhã a precipitação acumulada no sistema
era de 0,9 mm. A média de outubro é de 123,6
mm (1 mm é igual a 1 l por 1 m2).
Implantado no início do século
20 para abastecer a avenida Paulista e a região de
Higienópolis, que viviam um forte crescimento populacional,
o Alto Cotia foi sendo empurrado para a zona oeste da região
metropolitana e hoje é praticamente isolado.
Não há previsão
para o fim do racionamento, embora o secretário de
Estado da Energia, Recursos Hídricos e Saneamento,
Mauro Arce, diga esperar que a situação seja
normalizada em novembro. Com a medida, a demanda de água
do Alto Cotia deve cair pela metade -indo a 500 l/s.
Só amanhã a Sabesp (Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo)
deve dizer quais bairros ficarão sem água primeiro.
A empresa esclarece dúvidas pelo telefone 195.
Uso racional
Segundo a Sabesp, foi lançada ontem uma campanha publicitária
de uso racional da água para convencer as pessoas a
gastar menos. O desperdício total (uso irresponsável
mais vazamentos na rede) representa cerca de 1/3 de toda a
água distribuída.
O presidente da empresa, Dalmo Nogueira,
não soube dizer quanto será gasto e também
não divulgou as peças da campanha, mas disse
que ela será veiculada em todos os meios de comunicação.
Ele rebateu críticas sobre a demora da Sabesp em pedir
economia, dizendo que a empresa tem trabalhos permanentes
de conscientização e educação.
Em cinco anos, afirmou, o consumo
diário médio per capita caiu de 270 litros para
180 litros. "Sem sacrifício, é possível
economizar até 25% mais", afirmou Arce.
Para tentar dar o exemplo, o governador Geraldo Alckmin publicou
ontem um decreto que obriga prédios e órgãos
públicos a cortar lavagens de calçadas e carros
com água potável, regar plantas em horários
determinados, consertar vazamentos, entre outros.
Fica obrigatório ainda o uso,
em reformas e construções, inclusive de casas
populares, de equipamentos que gastem menos.
No dia 15, deve ser anunciado também um disque-desperdício,
para receber denúncias de vazamentos na rede da Sabesp
e agilizar a solução do problema.
MARIANA VIVEIROS
Da Folha de S. Paulo
|