SALVADOR
( BA) - A Prefeitura de Salvador e 16 instituições
de ensino superior da Bahia assinaram um convênio para
a retirada de cerca de 200 jovens que trabalham nos principais
semáforos da cidade limpando os vidros dos veículos.
De acordo com a parceria, os jovens, entre 18 e 25 anos, vão
trabalhar com lavagem de carros nos estacionamentos das faculdades.
"Estamos abrindo uma janela para esses jovens que vão
passar a viver uma nova realidade", afirmou o prefeito
João Henrique Carneiro (PDT), 45.
Pai de dois filhos, Odirley Araújo, 23, limpa os vidros
dos carros que trafegam pela avenida Tancredo Neves, uma das
mais movimentadas da cidade, há três anos. "A
gente não leva uma vida digna, tem de trabalhar o dia
inteiro e corre o risco de não receber nada",
disse.
De acordo com o projeto assinado na noite de quarta-feira
pela prefeitura e por representantes das universidades baianas,
os diretórios estudantis vão cuidar da venda
dos tíquetes-lavagem para professores, funcionários
e alunos -os valores serão negociados com os proprietários
dos automóveis.
Três ex-flanelinhas participaram da cerimônia
de assinatura do acordo e se mostraram entusiasmados com o
projeto.
Benefícios
"Vai ajudar a gente a sair da rua, a não ser discriminado",
afirmou Gilberto Gonçalves de Souza, 20, que passa
o dia trabalhando em um semáforo próximo à
avenida Antonio Carlos Magalhães (centro). "É
uma chance de mudar a minha vida."
O projeto Passando a Limpo prevê a geração
de renda e o acompanhamento social dos jovens, que ainda poderão
ser beneficiados com programas assistenciais das instituições
de ensino, como tratamento médico e odontológico,
assistência jurídica, alfabetização
de jovens e adultos e exames laboratoriais.
"Esse projeto prevê a melhoria da qualidade de
vida e do nível de cidadania dessas pessoas",
avalia Nelson Cerqueira, reitor do Centro Universitário
da Bahia. "Somente por meio da inclusão social
poderemos tornar Salvador uma cidade mais justa", disse
o secretário de Desenvolvimento Social, Carlos Ribeiro
Soares.
A prefeitura estima que 1.500 pessoas sobrevivam, atualmente,
vendendo produtos e esmolando em semáforos.
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA
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