Já
está mais do que provado que a poluição
do ar pode causar danos à saúde -do aumento
de problemas respiratórios ao nascimento de bebês
de baixo peso.
Enquanto discute-se a melhor forma de combater os poluentes,
a medicina persegue medidas práticas para aliviar seus
efeitos.
O uso de antioxidantes, como as vitaminas C e E, em pessoas
que vivem em áreas poluídas já está
em estudo. Aplicam-se porque poluentes levam a reações
inflamatórias que desencadeiam processo de oxidação
no organismo.
"Como médicos, temos de lutar pela diminuição
da poluição. Mas também buscar um paliativo
até que se faça um controle maior", afirma
Chin An Lin, pesquisador do Laboratório de Poluição
Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da
USP.
As pesquisas com antioxidantes ocorrem no México, explica
Lin, e os resultados podem não ter resultados iguais
na capital, onde a dispersão dos poluentes difere.
Os estudos mais recentes relatam que a poluição
pode ter relação com a queda da fertilidade
e, indiretamente, com o aumento da violência urbana
-provocaria irritabilidade nas pessoas.
Já está bem estabelecida, no entanto, em linhas
experimentais, sua relação com o aumento da
incidência de câncer. E há estudos bem
fundamentados sobre arritmia cardíaca, relata Lin.
A Universidade de São Paulo está entre as 20
principais universidade do mundo produtoras de estudos sobre
poluição. O laboratório do pesquisador
foi o primeiro no país a demonstrar, no início
da década de 80, os efeitos nocivos dos poluentes do
ar sobre animais -diminuição da expectativa
de vida, inflamação das vias aéreas,
alteração de vasos. Ainda em laboratório,
mostrou maior facilidade para o desenvolvimento de câncer
em ambientes poluídos.
Com a organização do banco de dados de mortalidade
do município, o laboratório começou,
no início dos anos 90, a verificar os efeitos sobre
os óbitos e internações. Estima que dez
pessoas por dia, em média, morrem em decorrência
da poluição.
Atualmente, o laboratório investe na produção
de instrumentos de baixo custo para a medição
de poluição, como plantas. Servirão para
educação ambiental e auxiliarão comunidades
a tomar medidas locais -por exemplo, agir sobre área
em que se queima pneus, diz Paulo Saldiva, também pesquisador
do laboratório.
Foram desenvolvidos pés de tabaco com deficiência
de antioxidantes -ao entrar em contato com poluentes que causam
oxidação, como o ozônio, adquirem manchas
brancas.
FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo
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