Pessoas
perambulando, pedindo esmolas, seres que vivem pelas avenidas
embaixo de marquises são cenas comuns da população
quando se mora em uma cidade grande. Envolvimento com drogas
e falta de trabalho fixo são alguns dos fatores que
levam pessoas a se transformarem em moradores de rua. Para
aqueles que tem destino certo, fazer de conta que não
está vendo nada, desviar, atravessar a rua para evitar
àqueles que ficam nas calçadas é a decisão
mais cômoda.
Nome, sobrenome, idade, profissão, família
são algumas das situações que são
compartilhadas por moradores de rua que conversaram com a
reportagem da Folha de Londrina, em uma tarde na semana passada.
Elas preferiram ficar como podem ser vistas por aí:
sem nome, nem pensar em fotografia. O grupo era formado por
nove pessoas acomodadas em um calçada, entre eles,
apenas uma mulher. Enquanto dois homens dormiam mais próximos,
outros dois descansavam em um passeio da quadra adiante. Ora
desconfiados ou expansivos, cinco contaram suas histórias.
Em vários temas eles concordam, principalmente no
que diz respeito ao que consideram a ''pior coisa a se enfrentar
na rua'', a discriminação. ''É ruim ver
as pessoas com medo de você, desviando, fazendo que
não escutam quando você pede alguma ajuda,''
admitiu um deles.
Outro revelou que saiu de casa por causa do álcool
e da maconha. Natural de Curitiba, é lá onde
ainda estão a esposa e os filhos. Depois de ficar nas
ruas da capital, ele foi para São Paulo trabalhar na
colheita do café. Quando o trabalho acabou, veio para
Londrina. '' Estou decidindo qual será o meu rumo.
Não sei se peço ajuda para minha família
em Rolândia ou o que farei,'' confessou. Para quem revela
ter trabalhado em oficina mecânica e como garçom,
o ânimo ou a ajuda de terceiros faltam na hora de abandonar
os vícios e construir uma nova vida, resgatando a família
e reaproximando-se dos filhos.
Outro senhor revelou que está nas ruas há cerca
de 45 dias. Ele teria se separado da mulher e ela o colocou
para fora de casa. Sem trabalho, mencionou que a única
opção foi a rua. Pedreiro e motorista de caminhão,
fala que procura outro trabalho e busca reencontrar a dignidade.
''Ninguém está aqui porque quer, não
existe escolha'', demonstrando revolta ao falar em como foi
parar nas ruas.
Outro rapaz disse ser padeiro e confeiteiro de mão
cheia. Sem trabalho fixo, entretanto, contou que prefere guardar
o pouco de dinheiro que ganha para comprar uma máquina
de fazer biscoitos. Na rua há mais de 20 dias, disse
que acha melhor ficar no relento do que gastar o pouco que
tem pagando aluguel.
''Na rua um ajuda o outro'', afirmaram unânimes.''Se
um tem comida, divide com o pessoal. Caso algum deles tenha
bebido demais, a gente dá uma olhada e assim vai. É
todo mundo como irmão tentando sobreviver,'' explicou
um entrevistado.
Catar e vender objetos como papel e latinhas são opções
para adquirirem renda. Pedir esmolas é outra saída
a qual os moradores de rua recorrem, conseguir comida com
a vizinhança conhecida também faz parte da rotina.
Na hora da comida, da pinga e das outras drogas todos também
dividem o que têm.
As informações são da Folha de Londrina.
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