Pelo quarto
ano consecutivo, o Brasil caiu no ranking de competitividade
do Fórum Econômico Mundial – organização
não-governamental que presta consultoria à ONU
e organiza o encontro anual em Davos, na Suíça.
O país ficou em 57º lugar entre os 104 países
analisados. No ano passado, estava três posições
acima. Em 2002, ocupava o 45º lugar e, em 2001, 44º.
Logo acima dos brasileiros estão Marrocos, Índia,
Uruguai, El Salvador e Namíbia. Logo atrás,
estão Panamá, Bulgária e Polônia.
A Finlândia lidera o ranking pela terceira vez, seguida
por Estados Unidos, Suécia, Taiwan, Dinamarca e Noruega.
O ranking de competitividade do Fórum Econômico
Mundial tem como objetivo apontar aspectos negativos e positivos
das economias.
O índice composto é baseado em três "pilares":
qualidade do ambiente macroeconômico, situação
das instituições públicas e disponibilidade
tecnológica.
Impostos
Os analistas do Fórum Econômico Mundial
entrevistaram mais de 8,7 mil empresários em 104 países
para fazer o ranking.
Em uma das perguntas, os entrevistados tiveram que selecionar
os cinco fatores mais problemáticos – em uma
lista de 14 – para fazer negócios em seus países.
No Brasil, foram apontados impostos, regulamentação
tarifária, burocracia, acesso a financiamento e instabilidade
política.
A carga de impostos no Brasil, indicada pelos empresários
como o maior entrave para a competitividade econômica
no país, é de 38,11% do Produto Interno Bruto
(PIB), segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
(IBPT).
Brasil perde posições em ranking de competitividade:
1999 - 51º; 2000 - 46º; 2001 - 44º; 2002 -
45º; 2003 - 54º; 2004 - 57º
Fórum Econômico Mundial
Em países desenvolvidos, como Japão
e Estados Unidos, essa proporção é de
27,3% e 28,9%, respectivamente, segundo dados da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE).
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, as
grandes desvantagens competitivas do país no ambiente
macroeconômico, são o spread bancário
(taxa cobrada em empréstimos) e a inflação.
Em relação às instituições
públicas, o crime organizado seria o maior problema.
Chile
As economias latino-americanas foram as que tiveram
o pior desempenho no ranking de competitividade deste ano.
"Um problema significativo na América Latina
é a natureza incompleta das reformas", diz o texto.
"A América Latina está ficando para trás,
não apenas em relação às economias
do leste asiático mas, mais significativamente, em
comparação às economias de transição
da Europa central e do leste."
"Onde alguma melhora é visível –
como na Argentina que subiu do 78º para o 74º lugar
– os níveis refletem, principalmente, o salto
em relação aos níveis muito baixos do
ano anterior, ldecorrentes do colapso da moeda e do sistema
financeiro do país."
O levantamento segue dizendo que "instabilidade política,
burocracia e corrupção são os fatores
mais problemáticos para fazer negócios na América
Latina".
O Chile é apontado como o país com a economia
mais competitiva da região – no ranking deste
ano subiu seis posições para o 22º lugar.
O Fórum Econômico Mundial dedica um capítulo
do seu relatório apenas ao Chile, com o título
A Próxima Fase de Desenvolvimento.
O texto diz que o país conseguiu "crescer mais
rapidamente do que muitos outros países em desenvolvimento,
aumentando a renda per capita e fazendo progressos para reduzir
os níveis de pobreza".
Em 2003, o PIB chileno cresceu 3,2% e, para este ano, as
expectativas giram em torno de um crescimento de 5%.
Quanto ao primeiro lugar da lista, a Finlândia, o Fórum
Econômico Mundial diz que o país "é
muito bem administrado no nível macroeconômico,
mas também marca pontos muito elevados nas medidas
que avaliam a qualidade de suas instituições
públicas".
"Além disso, o setor privado mostra uma alta
tendência para adotar novas tecnologias e incentivar
uma cultura de inovação."
ADRIANA STOCK
da BBC Brasil
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