LONDRINA
(PR) - Um exemplo de que boas lições podem ser
tiradas de acontecimentos ruins foi dado ontem a alunos de escolas
estaduais de Londrina, no Parque Arthur Thomas. O projeto ''Cuidando
das Águas'', promovido pela Secretaria Municipal do Ambiente
(Sema), e criado após o desastre ecológico provocado
pelo vazamento de óleo do Pool de Combustíveis
no Ribeirão Lindóia em abril de 2002, reuniu 150
estudantes para apresentar as análises de água
realizadas por eles próprios, e para despertar o interesse
pela ecologia entre adolescentes.
Segundo a coordenadora de recursos hídricos da Sema,
Márcia Arantes, as análises começaram
em março deste ano. ''Elas foram viabilizadas graças
a uma parceria entre o Ministério Público e
uma distribuidora de combustíveis depois da fixação
de um termo de ajuste de condutas (TAC) para o Pool'', lembrou.
Entre as obrigações estabelecidas pelo TAC,
a distribuidora seria obrigada a fornecer kits de análise
de água, que foram cedidos pela secretaria a nove escolas
da região do Lindóia.
Desde março, os alunos das escolas estaduais instaladas
na Bacia do Lindóia vêm realizando os testes.
''Sabemos que o rio é muito poluído. Ontem (anteontem)
mesmo, fizemos mais uma coleta e a água estava 2% mais
ácida, o que quer dizer que está mais suja'',
lamentou a estudante de 7 série Jéssica Rodrigues,
do Colégio Estadual Professor José Carlos Pinotti.
O resultado das análises feitas pelas escolas foi
apresentado para os todos os alunos envolvidos a pedido de
cada direção. Além de conhecer as condições
da água em cada ponto do Lindóia, os estudantes
participaram da produção de cartazes com mensagens
ecológicas, jograis com mensagens de respeito ao ambiente
e de caminhadas, onde deveriam responder questionários
que os incentivavam a despertar o interesse pela natureza.
Os resultados das análises, no entanto, não
vão servir somente para fins didáticos. ''As
informações colhidas pelos alunos serão
de grande valia para a secretaria. Com estes dados poderemos
fazer um mapeamento do ribeirão e identificar os pontos
críticos. Graças ao projeto, já conhecemos,
por exemplo, empresas que têm um sistema de tratamento
de esgoto ineficiente'', explicou Márcia. ''A fiscalização
será facilitada'', continuou.
O projeto se encerra em maio, com a realização
da última análise. De acordo com Márcia,
os dados finalizados do projeto devem servir de parâmetro
para que a Sema, em parceria com a Sanepar, crie um grupo
de trabalho para conscientização da população
residente na bacia do Lindóia. ''Percebemos que a poluição
aumenta quando nos afastamos da nascente. É evidente
que isso aponta para poluição provocada pelo
homem, o que confugura um problema educacional'', disse.
Entre os alunos, a continuidade do programa deve ser definida
após a conclusão das análises. Márcia
contou que os professores envolvidos no projeto já
manifestaram interesse em publicar um livro com temas ecológicos,
contendo as informações coletadas pelos alunos
ao longo do ano. ''As pessoas têm que perceber que quando
elas poluem o Lindóia, elas estão sujando as
próprias casas e prejudicando a si mesmas'', ensinou
a aluna de 7 série Vanessa Daiane Rodrigues, também
do Colégio Pinotti.
KARINA YAMADA
da Folha de Londrina
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