Pelo terceiro ano consecutivo a
indústria de transformação do Estado
de São Paulo demitiu mais do que contratou, segundo
dados da Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo).
No ano passado o setor fechou 1.351 vagas, o equivalente
a uma queda de 0,08% no nível de emprego. Somente em
dezembro, a indústria paulista cortou 11.307 postos
de trabalho, uma queda de 0,74%. Essa é a maior queda
percentual mensal desde agosto de 2002 (-0,98%). Trata-se
também do pior dezembro desde 1998, quando o nível
de emprego caiu 1,12%.
Desde o início do Plano Real, em julho de 1994, apenas
em 2000 o saldo de empregos do setor foi positivo. Naquele
ano, foram criadas 27.416 vagas (+1,71%). Em 2001, a indústria
paulista eliminou 32.437 empregos e, em 2002, foram cortadas
68.944 vagas. Do início do Plano Real até o
final de 1999 foram fechados mais de 600 mil postos de trabalho
industriais em todo o Estado.
Incertezas
A indústria paulista começou 2003 com índices
levemente positivos em relação ao emprego. A
partir de abril, porém, as incertezas em torno da trajetória
do câmbio e da taxa de juros, que continuava alta (26,5%
ao ano), tomaram conta do cenário, interrompendo o
movimento positivo no nível de emprego.
De março para abril a cotação do dólar
em relação ao real caiu mais de 9%, levando
muitos analistas, inclusive a própria Fiesp, a projetarem
uma queda nas exportações, o que prejudicaria
as indústrias.
Esse fato não se confirmou. O dólar fechou
o ano 18% mais barato e mesmo assim as exportações
tiveram expansão de 21,1%, totalizando US$ 73,084 bilhões.
O saldo comercial somou US$ 24,831 bilhões, 89% superior
a 2002, e atingiu recorde histórico.
Recuperação
A recuperação do nível de emprego
foi retomada em setembro, "puxada" ainda pelo desempenho
das exportações, e nos meses seguintes, devido
ao aumento de encomendas de final de ano.
Até outubro, a Fiesp chegava a trabalhar com a previsão
de fechamentos de aproximadamente 6.000 vagas no ano.
Com a geração de 4.418 novos postos em novembro,
equivalente a um crescimento de 0,29% - 2º melhor desempenho
percentual para o mês desde o início do Real
-, a Fiesp passou a projetar um crescimento próximo
de 0,5% no total de empregos em 2003, o que não ocorreu.
IVONE PORTES
da Folha Online
|