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SÃO
PAULO - Os municípios paulistas estão mais pobres,
apesar de apresentarem melhora em indicadores sociais. Segundo
uma pesquisa da Fundação Seade, encomendada
pela Assembléia Legislativa de São Paulo, o
indicador de riqueza municipal caiu 18% entre 2000 e 2002
(último dado disponível), resultado do racionamento
de energia elétrica em 2001 e da diminuição
do rendimento médio dos assalariados. Marília,
Presidente Prudente e Registro foram as regiões consideradas
mais pobres. Perderam pontuação Ribeirão
Preto e Araçatuba. De acordo com o levantamento, não
conseguiram avançar nada em riqueza Sorocaba, cidades
do Pontal do Paranapanema e algumas regiões do Vale
do Paraíba, como Paraibuna, São Luiz do Paraitinga
e Natividade da Serra.
As regiões mais bem posicionadas nesse ranking foram
as situadas no eixo das rodovias Anhangüera e Presidente
Dutra. Os dez melhores municípios no indicador de riqueza
foram São Sebastião, Bertioga, Águas
de São Pedro, Santos, Campos do Jordão, Barueri,
Guarujá, Ilhabela, São Caetano do Sul e Vinhedo.
No ano 2000, essas cidades já estavam entre os 21 melhores,
com São Sebastião também em primeiro
lugar no ranking por causa do porto e das plataformas da Petrobras
instaladas no mar. Esse índice de riqueza levou em
consideração, é claro, o número
de pessoas que residem na região. Os dados também
levaram em conta os indicadores sociais, que segundo o diretor
de análise da Fundação Seade, Sinésio
Pires Ferreira, apresentaram bons resultados em todo o estado.
"O crescimento econômico no período foi
pouco significativo em praticamente todas as regiões
do estado, mas houve melhoras nos indicadores sociais, com
progressos na escolaridade da população e redução
no índice de mortalidade infantil", disse Ferreira.
A taxa de mortalidade infantil diminuiu aproximadamente 9%
entre 2000 e 2002, passando de 16,8 para 15,3 por mil nascidos
vivos. Em 2002, o índice observado no Brasil era 27,8
mortes por mil nascidos vivos, quase o dobro da taxa do estado.
A taxa de mortalidade de pessoas entre 15 e 39 anos (por mil
habitantes) passou de 2,2 para 2, reflexo da diminuição
dos homicídios e, principalmente, da mortalidade por
Aids.
Segundo a pesquisa, também houve bom desempenho dos
indicadores de cobertura do Ensino Fundamental e da educação
infantil, mas o Ensino Médio deixa a desejar. A proporção
de jovens de 15 a 17 anos de idade que concluíram o
Ensino Fundamental (1ª a 8ª séries) cresceu
de 60,5% para 68,1%. A proporção de crianças
de 5 a 6 anos freqüentando a pré-escola aumentou
de 59,7% para 75,1%. O percentual de jovens de 18 a 19 anos
de idade com Ensino Médio completo ainda é inferior
a 40%, embora tenha aumentado no período de 34,7% para
37,7%.
"A qualidade das políticas públicas melhorou.
Houve melhor direcionamento dos recursos e as verbas foram
utilizadas de forma mais adequada. Todas as regiões
melhoraram em escolaridade e longevidade, uns mais do que
os outros, é claro, mas houve melhora", disse
o diretor da Fundação Seade.
Os dez melhores municípios no indicador de escolaridade
foram São Caetano do Sul, Adamantina, Auriflama, Americana,
Tupi Paulista, Américo de Campos, Santos, Turiúba,
Pompéia e Rubiácea. Já no item longevidade
os "mais mais", apesar de não fazerem parte
das cidades mais ricas do estado, foram Santa Salete, Mendonça,
Aspásia, Oscar Bressane, Pedranópolis, São
João do Pau d'Alho, Nova Canaã Paulista, Cruzália,
Três Fronteiras e Estrela do Norte.
A região metropolitana de São Paulo, composta
por 39 municípios, tem um bom índice de riqueza
e acaba atraindo muita gente à procura de emprego.
Mas não tem, necessariamente, condições
de resolver os problemas sociais da população.
Na Baixada Santista, os municípios, embora com níveis
de riqueza elevados, também não exibem bons
indicadores sociais. Ferreira explicou que a exceção
é a região de Campinas, onde os 90 municípios
têm elevado nível de riqueza e bons indicadores
sociais. As regiões de Araçatuba (que tem 43
municípios), central (26 municípios) e de São
José do Rio Preto (96 municípios) têm
grande número de cidades com nível baixo de
riqueza, mas com bons indicadores.
"As regiões metropolitanas, geralmente, apresentam
bons índices de riqueza, mas não tem resultados
sociais satisfatórios. Na região metropolitana
de São Paulo, as cidades de Ferraz de Vasconcelos,
Caieiras, Francisco Morato e Franco da Rocha são muito
pobres e puxam os índices de longevidade e escolaridade
para baixo. Cotia, por exemplo, onde está a Granja
Viana e seus vários condomínios de luxo, é
um municípios considerado rico, mas com indicadores
sociais péssimos. O oposto só ocorre no ABC,
em São Paulo e em Barueri, onde está Alphaville.
Nessas regiões, há riqueza e bons níveis
de escolaridade", afirmou Ferreira.
De acordo com a pesquisa, a região de Barretos, que
soma 19 municípios, apresenta grande número
de cidades com baixo patamares de riqueza e nível intermediário
de longevidade e escolaridade. Na região de Sorocaba,
há uma grande concentração de municípios
(37% dos 79 municípios) em situação desfavorável,
com baixa riqueza e baixos indicadores sociais. Os municípios
de Bauru (39), Franca e Registro também apresentam
um grande número de cidades com baixos índices
de riqueza e nível intermediário ou mesmo muito
pequeno de escolaridade.
O diretor da Fundação Seade disse que o Estado
de São Paulo tem perdido participação
no PIB per capita (divisão do valor do Produto Interno
Bruto por habitante), mas deve se recuperar daqui para a frente.
Ele comentou que a economia brasileiro tem crescido muito
por conta da exportação, beneficiando estados
como o Rio de Janeiro, onde está a Petrobras, Minas
Gerais, onde estão as indústrias de mineração,
e a região centro-oeste, que concentra a produção
de soja. Ferreira afirmou que o estado de São Paulo,
ao contrário, perdeu renda com o desaquecimento do
mercado interno no país.
WAGNER GOMES
do Globo Online
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