A recuperação
econômica do país chegou com força ao
mercado de trabalho formal. Mês passado, as empresas
de todos os segmentos da economia abriram 202.033 vagas com
carteira assinada. Este é o melhor resultado para o
mês desde 1992 e supera em mais de cinco vezes o de
julho de 2003, de 37.233. O interior puxou as contratações,
com 154.600 vagas. Entre janeiro e julho deste ano, foi criado
1,23 milhão de postos formais, contra os 598.100 do
ano passado. O dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged) divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho
já havia sido antecipado — e comemorado —
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início
deste mês.
Diante do ritmo da expansão do emprego formal, o ministro
do Trabalho, Ricardo Berzoini, já aposta chegar ao
fim do ano com o desemprego na casa de um dígito —
em junho, o percentual estava em 11,7%, segundo o IBGE. Berzoini
também disse acreditar que será possível
ter um saldo positivo de dois milhões de empregos em
2004.
"O desemprego ficará abaixo dos 10% até
o fim do ano", disse Berzoini, acrescentando ter sido
informado de que as pesquisas do IBGE e do Dieese a serem
divulgadas nos próximos dias trarão bons resultados.
Segundo o ministro, os números confirmam a retomada
da atividade em vários setores da economia. A indústria
da transformação foi o segmento que mais abriu
vagas em julho: 56.027 postos. Os principais destaques foram
as indústrias de produtos alimentícios e bebidas;
têxteis e vestuários; e químicas e produtos
farmacêuticos e veterinários. O interessante
é que são todos setores fortemente ligados à
recuperação da renda do trabalhador.
Em segundo lugar, vem a agricultura, que, puxada pelas exportações,
abriu 55.155 vagas. O setor de serviços foi responsável
por 42.729 postos e o comércio, por 33.552. Até
a construção civil anulou a queda de 1,5% no
número de trabalhadores nos primeiros sete meses de
2003: no mesmo período deste ano abriu 71.305 postos.
Berzoini ressaltou que o setor tem baixo grau de automação
e emprega muita gente.
De acordo com o Caged, o estado de São Paulo teve
o melhor desempenho, com 70.817 vagas. Em seguida vêm
Minas Gerais, com 31.720; Rio de Janeiro, com 12.396; e Paraná,
com 11.771 postos.
Metrópoles tiveram desempenho pior
Para os especialistas, os dados do Caged mostram uma tendência
de recuperação do emprego. Segundo o economista
José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ, embora
o Caged não seja um mapeamento fiel do mercado de trabalho
brasileiro — por não considerar o setor informal
— tem havido uma convergência entre os dados do
Caged e a Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, que apontam
aumento do emprego e queda da taxa de desemprego.
Ao ressaltar o dinamismo do mercado de trabalho no interior,
Berzoini falou da necessidade de aumentar os investimentos
em habitação e saneamento para resolver o problema
do desemprego nas regiões metropolitanas. Nesses locais,
foram abertas 47.393 vagas em julho, uma alta de apenas 0,47%.
O ministro também defendeu a redução
da informalidade. Mas admitiu ainda haver divergências
entre os ministérios da Fazenda e da Previdência
sobre o Super Simples, que quer trazer para setor formal pequenos
empreendedores que estão na informalidade.
As informações são
do jornal O Globo.
|