Pela primeira
vez, o governo federal vai abrir espaço para discutir
a desigualdade racial dentro dos serviços de saúde
do país. Segundo o Ministério da Saúde,
a população negra tem menos acesso a serviços
de saúde e maiores taxas de mortalidade tanto infantil
quanto entre homens e mulheres.
A questão será discutida no 1º Seminário
Nacional de Saúde da População Negra,
que ocorre de hoje a sexta-feira, em Brasília. O evento
é promovido pelo Ministério da Saúde
e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial. Conta com apoio institucional da Organização
Pan-Americana de Saúde (OPAS) e do Fundo das Nações
Unidas para o Desenvolvimento da Mulher (UNIFEM).
De acordo com dados do Censo Demográfico 2000, do
IBGE, os negros somam 44,68% da população nacional.
Segundo o Ministério da Saúde, mulheres negras
têm menos consultas ginecológicas completas,
consultas de pré-natal e passam por menos exames ginecológicos
no período pós-parto. Além disso, entre
1980 e 2000, a diferença relativa entre os níveis
de mortalidade infantil de negros e brancos menores de um
ano passou de 21% para 40%.
Em 2000, também segundo estudos divulgados pelo Ministério,
a taxa de mortalidade das mulheres negras de 10 a 49 anos
por complicações da gravidez, parto e pós-parto
foi 2,9 vezes maior que a apresentada entre as mulheres brancas;
a taxa de mortalidade dos homens negros de 10 a 64 anos por
causas externas foi duas vezes maior que a apresentada entre
os homens brancos.
Tendo em vista esses números, o seminário tem
como objetivo articular e sensibilizar os gestores das três
esferas do SUS (Sistema Único de Saúde) para
a importância da incorporação do quesito
raça/cor na política de saúde, apresentar
um balanço das experiências de governo e determinar
os desafios a serem superados para que haja um recorte racial
na política de saúde. Também pretende
divulgar experiências da sociedade civil organizada
relativas à saúde da população
negra, debater e propor estratégias para implementar
e monitorar as metas previstas no Plano Nacional de Saúde
(PNS) em busca da eqüidade racial.
Cerca de 250 pessoas de todo o país devem participar
do encontro, entre elas técnicos e gestores de saúde
das três esferas do governo, pesquisadores da área
de saúde da população negra, entidades
representativas e organismos do governo e da sociedade civil.
Mais informações sobre o seminário e
a programação completa podem ser obtidas na
página Saúde da População Negra,
no site do Ministério da Saúde.
O PNUD Brasil desenvolve um projeto, em parceria com o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que visa justamente
produzir conhecimento e fomentar o debate para combater e
superar o racismo. O projeto chama-se Combate ao Racismo e
Superação das Desigualdades Sociais.
As informações são
do PNUD Brasil.
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