De 1981
a 2002, a classe média do país desabou de 42,53%
da população para 36,03%. Se as proporções
tivessem sido mantidas ao longo desses 20 anos, em vez de
61,9 milhões de pessoas com renda superior a mil reais,
haveria 73 milhões.
"Isso significa dizer que 11 milhões de pessoas
foram rebaixadas socialmente. Desde a década de 80
o país não cresce de forma sustentada, o que
impacta diretamente os níveis de ocupação,
que, por conseqüência, refletem-se nos níveis
de renda", explicou o professor Waldir Quadros, do Centro
de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade
de Campinas (Unicamp), que fez a pesquisa a pedido da empresa
de recursos humanos Gelre.
Segundo o levantamento, houve um inchaço das classes
sociais menos favorecidas. Os pobres (rendimento familiar
entre R$ 500 e mil reais) passaram de 31,665 milhões
para 45,948 milhões, um crescimento de 45%. Entre os
miseráveis (rendimento familiar inferior a R$ 500),
o salto é ainda maior: passaram de 36,317 milhões
para 61,680 milhões, uma alta de 69%.
O desemprego, principal mecanismo da corrosão social,
assombra cada vez mais a população economicamente
ativa (PEA). Nas famílias com renda superior a R$ 5
mil por mês, a taxa passou de 3,49% para 4,85% da PEA.
Para aqueles com renda inferior a R$ 500, subiu de 7,59% para
17,73%. A base de dados foi a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Paula Alface
do jornal O Globo |