O
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse em entrevista
ao jornal britânico "Financial Times" que
"a redução da carga tributária não
é possível no curto prazo devido aos gastos
e obrigações sociais que temos".
Em entrevista concedida em Brasília na quinta-feira
passada, Palocci voltou a repetir que "a promessa é
não aumentar a carga, como tem ocorrido nos últimos
dez anos, a uma média de um ponto percentual do PIB
[Produto Interno Bruto] por ano".
Ele afirmou que o governo interrompeu
esse aumento e "cortou 14% dos gastos orçamentários
no ano passado, o que já é um passo importante".
O ministro disse também que o governo melhorou a qualidade
da taxação sobre bens de capital e, por meio
de isenção de bens de consumo básicos,
sobre exportações.
Ontem, em Brasília, o secretário-adjunto da
Receita Ricardo Pinheiro disse que o órgão estuda
mudanças tributárias para desonerar o setor
produtivo. Ele não quis, porém, dar mais detalhes.
Segundo Pinheiro, essa desoneração será
"buscada com sacrifício", respeitando as
limitações fiscais. O secretário disse
que Palocci está preocupado com uma possível
crise de demanda na economia, que seria provocada pela falta
de investimentos no setor produtivo das empresas.
Gargalos
Palocci negou ao jornal que gargalos no setor de
infra-estrutura estejam limitando o crescimento.
"Obviamente, se nós investirmos em estradas e
ferrovias, iremos nos beneficiar, mas acredito que a percepção
de gargalos é maior do que a que existe na realidade.
Existe muita infra-estrutura subutilizada, nos aeroportos
e no comércio", afirmou.
Para o ministro, "existem alguns portos que operam em
sua capacidade máxima, mas outros têm excesso
de capacidade [ociosa]". Segundo ele, "há
portos na região Nordeste que experimentam forte expansão".
Questionado sobre o quanto o país pode crescer, o ministro
afirmou que a capacidade de expansão da economia, sem
inflação, tem estado em torno de 3% a 3,5%,
mas que dados recentes indicam que a alta pode ser maior.
"Temos que esperar os números [de 2004] para confirmar."
As informções
são Folha de S. Paulo.
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