RECIFE
(AE) – O modelo de política macroeconômica
vigente e o custo da dívida pública foram apontados
como principais causas da insegurança alimentar e nutricional
e da exclusão social pela II Conferência Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional. Nesta condição
estão 53 milhões de brasileiros que vivem abaixo
da linha de pobreza.
Cerca de 1,3 mil representantes de organizações
não-governamentais, sindicatos, associações,
governo e observadores nacionais e internacionais participaram
da Conferência, encerrada sábado à noite,
no Centro de Convenções, em Olinda, PE.
No documento Carta de Olinda, dirigido à sociedade
intitulado, a Conferência atribuiu ao modelo econômico
a insuficiência de renda, o elevado nível de
desemprego, a concentração da terra, a mercantilização
da água e a precarização da educação,
além da limitação do acesso à
alimentação e nutrição. Com isso
impedindo uma vida digna para toda a população.
E recomenda que as políticas econômicas e setoriais
sejam submetidas ao cumprimento de metas sociais, em especial
à geração de emprego, trabalho e renda
e o acesso à moradia digna.
Como prioritárias para o combate à pobreza,
foram aprovadas 48 propostas de diretrizes para o Plano Nacional
de Segurança Alimentar e Nutricional, para os anos
de 2004 a 2007. Elas serão encaminhadas ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.Uma das sugestões
é a revogação da Medida Provisória
2.183, que impede desapropriação de áreas
ocupadas. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de
Análise Sócio-Econômica (Ibase) e integrante
do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea),
Francisco Menezes, a MP impede a vistoria e desapropriação
de terra ocupada por dois anos. Ele a considera um entrave
ao processo de implementação da reforma agrária.
Outras sugestões dadas foram a proibição
de plantio, o consumo de produtos geneticamente modificados
(transgênicos) e a revisão da política
de importação e exportação de
alimentos - fortalecendo a produção proveniente
da agricultura familiar e da reforma agrária.
O presidente Lula abriu a II Conferência na noite da
quarta-feira, com sete ministros, entre eles Patrus Ananias,
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que também
esteve no encerramento do evento. O ministro preferiu não
comentar as críticas à política econômica
e as propostas mais polêmicas. Ele disse que muitas
das sugestões já estão em andamento e
afirmou que os ministros da área econômica Antonio
Palocci e Guido Mantega apoiam a prioridade a programas sociais.
"Mas não se pode implementar tudo de imediato",
observou.
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea), promotor da II Conferência, foi instalado
em janeiro do ano passado, com representantes do governo e
da sociedade civil, com o objetivo de assessorar o presidente
na proposição de políticas públicas
no combate à fome.
As informações são da Gazeta do Povo,
de Curitiba - PR.
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