Para
Karyna Batista Sposato, diretora-executiva do Ilanud, os dados
sobre o crescimento do envolvimento de garotas na criminalidade
servem como um alerta para as autoridades e exigem um mea-culpa
dos especialistas.
"A gente conhece muito pouco do envolvimento da adolescente
com a criminalidade. A atenção é sempre
com o universo masculino", diz a pesquisadora.
Segundo ela, o conhecimento das infrações femininas
na adolescência é importante para a elaboração
de programas específicos por parte dos órgãos
públicos. "Se já existe uma carência
em relação a políticas de proteção
aos meninos, imagina em relação às meninas",
diz Sposato.
O apelo ao consumo, afirma ela, tem de ser levado em conta
nas infrações masculinas e femininas, mas ressalta
que não é só isso. "O acesso a armas
de fogo ficou mais fácil para os jovens de ambos os
sexos", avalia a pesquisadora.
Garotos e garotas enfrentam as mesmas carências na
periferia, segundo Sposato, e podem ter reações
semelhantes. Para ela, a falta de serviços públicos
também tem de ser levada em consideração
na análise dos crimes praticados por meninos e meninas.
Esse foi um dos aspectos de uma pesquisa do Ilanud, coordenada
por Sposato, com jovens no programa de liberdade assistida
em Santos (litoral paulista). Trinta adolescentes e 19 familiares
foram entrevistados em 2002 e em 2003.
Desse grupo, 16,7% eram mulheres -no Estado de São
Paulo, as meninas representam 8,6% dos jovens em liberdade
assistida, segundo a Febem.
Apenas metade dos entrevistados quis declarar a renda -a Febem
não tem um levantamento socioeconômico dos jovens.
A renda média familiar ficou em R$ 748. Do total, 60%
afirmaram viver em casa própria. A maioria deles (53,6%)
disse acreditar ser fácil ou muito fácil a obtenção
de uma arma de fogo.
Também a maioria dos entrevistados (agora 60%) afirmou
já ter cometido atos ilícitos anteriores ao
crime que originou a liberdade assistida. A média de
idade quando esses delitos foram praticados ficou em 14 anos.
O tráfico de drogas e o furto foram os crimes anteriores
mais citados.
As informações são da Folha de S. Paulo.
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