Quem tem
filho em escola particular deve preparar o bolso neste fim
de ano. Enquanto o rendimento médio das famílias
com melhor renda na Região Metropolitana caiu 7,6%
somente nos nove primeiros meses do ano - de acordo com o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) -, os colégios do Estado
já começam a repassar aos pais mensalidades
para 2005 com reajuste médio de 9,7%.
Levantamento de Zero Hora com as 56 maiores escolas particulares
da Capital e outras 55 do Interior (veja no quadro) revela
que grande parte das instituições de ensino
que já definiu o percentual de aumento para 2005 trabalha
com reajustes acima da inflação medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), acumulada nos últimos 12 meses em 5,72%. Na
prática, isso significa que a maioria das mensalidades
deve pesar mais para as famílias do que o total de
gastos médios de seu orçamento. E mais: os reajustes
ficam acima inclusive das projeções do índice
que serve de base para negociações salariais
dos professores, em março.
"Os aumentos ocorrem em função da planilha
de custos das escolas. O gasto com pessoal contribui com quase
70%, mas despesas com luz, água, telefone, e aprimoramentos,
como computadores, bibliotecas, entre outros, também
pressionam".
Além disso, tivemos inflações muito altas
em anos anteriores, e algumas escolas estão tendo de
buscar essa defasagem agora - explica Flávio Reis,
vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares
de Ensino do Rio Grande do Sul (Sinepe).
Para Ecléia Conforto, economista e técnica
da subseção da Federação dos Trabalhadores
de Estabelecimentos de Ensino do Estado (Fetee-Sul) do Dieese,
investimentos em melhorias estruturais não deveriam
ser usados como argumentos para reajustes.
"Esse tipo de custo entra como investimento e não
como insumo, porque vai trazer retorno para as escolas. O
aumento de água e luz também não serve
como explicação. Afinal, os pais pagam em casa
os mesmos reajustes", pondera.
Ecléia lembra ainda que, nesta época de rematrícula,
os pais têm de barganhar.
"Há margem para negociar reajustes bem mais próximos
à inflação. Analise as planilhas de custos
das escolas e compare preços", recomenda.
Conforme Ecléia, de 1996 a 2004, os reajustes com
a educação básica no ensino privado ficaram
22,8% acima da variação dos salários
e 28% a mais do que o INPC:
"Isso mostra que o problema não é tanto
a mensalidade em si e sim a renda, que não cresce no
mesmo patamar".
TATIANA CRUZ
do jornal Zero Hora
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